5.11.08

obama é o cara?

Que bela festa e que bela história a vitória de Obama. Assim como o Lula, o sujeito tem uma biografia que impõe um baita respeito. Na ponta do lápis e em sã consciência, ninguém teria sido capaz de dizer que estes caras chegariam ao mais importante cargo de seus respectivos países.
Gosto destes enredos porque nos ajudam a lembrar que a história se desenvolve do presente para o passado, da foz para a nascente, contrariando nossa intuição. O fato de terem alcançado um desfecho nobre dá sentido imediato a todo o amontoado de acontecimentos pelos quais atravessaram no passado e que agora ganham ares de predestinação. Não fosse pelo fim (um acaso histórico fruto de incontáveis determinantes), os passos pretéritos de nada valeriam, como aliás são os passos de tantos outros, de desfecho menos glorioso.
Mas e agora? Obama estará a altura dos desafios que a ele se apresentam ou da esperança que nele depositam? Este é o assunto que pipoca na imprensa neste momento, e não são poucos os sabidos que desfilam seus agouros, alertando os incautos para o óbvio: que Obama não fará a revolução nem tampouco trará a solução para os problemas de nosso cambalido planeta. É claro e notório que Obama só conseguiu se eleger por conta do apoio do establishment e que portanto está amarrado até a alma com grupos econômicos e políticos que não desejam uma virada de mesa. Porém... acho que vale a pena arriscar algumas hipóteses otimistas: primeiro, o fato de estar assumindo o governo durante uma crise profunda, ao contrário do que pensam alguns, pode ser uma rara oportunidade para que seu tino e sua retórica de mudança sejam instigados a avançar sobre limites (políticos, institucionais e sociais) que em condições normais de temperatura e pressão jamais seriam tocados (vale lembrar que Roosevelt viveu processo parecido, elegendo-se no furacão da crise em 1933 e consagrando-se como grande presidente dos EUA no século XX, eleito por 4 mandatos consecutivos); segundo, como é portador da esperança de milhões, uma vez transpostos alguns limites, parece razoável imaginar que o processo cobre crescente proatividade de Obama, que até onde pode-se depreender de seu perfil, não dá mostras de refugar a desafios políticos. Aguardemos os próximos anos. Fico entre aqueles que acreditam em tempos mais generosos.


E para que não restem dúvidas da comoção provocada pela vitória de Obama, segue o vídeo do ex-candidato Jesse Jackson, negro e democrata como Obama, chorando como criança durante o discurso do novo presidente. Belíssima cena.

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