30.7.08

rodada de Doha: ganhamos ou perdemos


Hoje, dia 30, meus filhos voltaram à escola e com eles retomei a penosa atividade de escutar as platitudes conservadoras do mídia-ligeira Carlos Alberto sardemberg. Pauta do dia: rodada de Doha. Avaliação do Sarda: o Brasil não só foi o grande perdedor, como perdeu por conta do viés ideológico e de esquerda de nossos representantes do Itamaraty.
Brincadeira, o comentário (clique aqui para ouvir) do Sardemberg é uma pérola de superficialidade, ignorância, má vontade e conservadorismo chinfrim. Superficialidade porque ele trata do assunto sem mencionar qualquer detalhe técnico ou político que embase suas afirmações ou que resgate os fatos verificados nestes nove dias de negociação em Doha (por exemplo, que o Brasil aceitou os termos dos países desenvolvidos); ignorante, porque não demonstra qualquer afinidade com o assunto, repetindo chavões equivocados (por exemplo: diz que o país não investiu em acordos bilaterais); má vontade, porque com exceção da política monetária do BC, rechaça liminarmente toda e qualquer ação do governo Lula; conservador, porque há anos ele repete que ao invés de realizarmos acordos do tipo sul-sul (i.é., com países emergentes) deveríamos nos concentrar em melhorar nosso comércio com os EUA - o que teria sido uma péssima estratégia, dada a crise que ora atinge os americanos, e de viabilidade muito mais difícil, já que os EUA concorrem com o Brasil em diversos mercados (soja, milho, carne, etanol, suco de laranja, etc.)
Por outro lado e em outro veículo (internet), demonstrando independência e competência jornalística, o Nassif faz uma ponderada análise sobre o assunto, apontando para a inexequibilidade atual das rodadas de liberalização comercial promovidas pela OMC. Em um mundo multipolar, sem a hegemonia explicita de uma nação, é esperado e até salutar que os acordos comerciais sejam tratados ponto a ponto, por blocos (mercosul, UE, Nafta) ou por nações. Retomando a história, o Nassif lembra que não há regra neutra para o comércio internacional e que portanto não cabe uma arquitetura institucional que contemple a todos - como reza a ideologia liberal do renitente Sardemberg. Para ler a matéria do Nassif, clique no menu "redondeza" ali ao lado.

20.7.08

Fora Gilmar Mendes

Meus Caros,

Chego de 10 dias de férias e já me caem na cabeça as barbaridades cometidas pelo Dr. Gilmar Mendes e seus amigos de última hora, Lula incluso.
Tristes trópicos! Em uma semana, viraram o jogo: Dantas volta às ruas, enquanto o Delegado Protógenes e o Juiz De Santctis vão à Sibéria.
Na mídia, com algumas honrosas exceções (Carta Capital, Caros Amigos)o assunto é tratado com um desleixo calculado. Resta-nos o combate na arena da blogosfera.
Um bom começo é o abaixo assinado virtual exigindo a saída do lamentável Ministro Gilmar Mendes. Acesse a lista aqui e depois clique na caixa "sign the Exigimos a saída de Gilmar Mendes do STF".

E para aqueles que quiserem acompanhar de perto o andamento do caso Dantas sugiro o site Terra Magazine, mantido pelo jornalista Bob Fernandes que, além da reconhecida competência, é baiano e conhece como poucos os passos tortos de Daniel Dantas.

9.7.08

quarentena


Meus caros,
em nome dos festejos de meus 40 e dez dias de férias, estou de recesso do Blog. Dia 20 volto.
Deixo na tela o inspirado convite produzido pela Maria Clara, companheira de quase meia vida.
Até mais!

1.7.08

zé silvério e gols ao fundo

Nos últimos dias foram muitas as reportagens sobre os 50 anos da primeira copa conquistada pela nossa seleção. Ótima chance para matar a saudade do futebol brasileiro, hoje praticado pelos times da Europa.
De canal em canal, cena em cena, fui escalando pelos brilhos do futebol, até me encontrar com as belíssimas narrações do grande José Silvério.
Meus caros, que beleza, ninguém foi capaz de narrar futebol igual a este sujeito. E olha que eu enfrentei os 16 anos do vexatório jejum do alvi-verde de Parque Antártica. Dezesseis anos de maré baixa, salvos pelos sabores dos versos do José Silvério. O Palmeiras pouco fazia, quando muito arrancava um empate, mas Zé Silvério era capaz de fazer o jogo incendiar, encher o gramado de gladiadores, e o Palmeiras sempre quase chegava lá.
Quando chegou de fato, eu já tinha 26 e não mais acompanhava no rádio os enredos do ilustre narrador.
Mas tenho para mim que este cara, que eu nem sei que cara tem, esteve lutando ao meu lado, aos domingos e todas as quartas, empurrando o Palmeiras contra um adversário incapaz de resistir ao sufoco. É curioso, eu estive apenas do lado de cá do rádio, mas sinto uma cumplicidade como se tivéssemos lutado na mesma trincheira. Eu vagando pelo quarto e ele fustigando o Jorginho para que armasse um contra-ataque ou instigando o Luís Pereira para cabecear o derradeiro escanteio.
E que golaaaaaaaaaaço!

Para matar a saudade, ou para entender melhor do que estou falando, na voz de Silvério, segue o vídeo do jogo que tirou o Palmeiras da fila.
Prestem atenção nos detalhes. Além da intensidade dramática do lance, do correto e sincronizado encadeamento de palavras (sem perder o tempo e chegando ao gooool junto com a torcida), ele consegue recontar o gol como se estivessemos assistindo ao replay.