28.2.09

a Veja no bolso do Serra


Não é por dever de ofício que a revista Veja se transforma no mais fiel vocalizador da oposição à Lula (levantando a bola para "indignados" como Jarbas Vasconcelos ou o Ministro Gilmar Mendes). Segundo nos informa um post publicado no site do Nassif (leia aqui), são diversos os contratos sem licitação para o fornecimento de livros e revistas à rede estadual de escolas públicas.
À primeira vista, estes fatos podem até nem parecer tão graves, visto que as bibliotecas devem conter vasto material para leitura e pesquisa, incluso os editados pela Abril.
Porém, como demonstra o autor do post, é um tanto duvidosa a pertinência e a lisura no caso do fornecimento mensal da revista "Nova Escola".
Sem que se tenha realizado processo de concorrência pública, sob o argumento da inexistência de concorrentes - e de bate pronto eu citaria a "Carta Escola" -, ao preço de 3,7 milhões (ano), cada um dos 220 mil professores da rede pública receberá em sua residência uma edição da imprescindível revista da Abril.
E adivinhem quem estava na capa da revista da primeira edição recebida pelos professores? O Secretário de Educação do Governo de São Paulo, Sr. Alexandre Scneider.

A quem interessar, outro enredo semelhante (também contado pelo Nassif) é a compra de equipamentos de informática para a rede de ensino do estado, cujos preços de Hardware superam os de mercado e, mais grave que isto, incluem obrigatoriamente o Office da Microsoft, quando se sabe que já se dispõe de programas alternativos (p.ex: broffice), que não custam nada é tem as mesmas funcionalidades.

24.2.09

o PT sem razão de ser


Em sua edição de nº534, a revista Carta Capital noticia que cresce no PT o consenso entorno do nome de Palocci para candidato ao governo paulista. A reportagem buscou a opinião de diferentes estrelas da direção nacional do partido e, de fato, fica evidente que não há resistências ao nome do ex-Ministro da Fazenda. Todos com Palocci!
Quem diria? É a pá de cal no que resta de esquerda neste partido que foi protagonista de importantes movimentos de transformação social no Brasil, desde o fim da ditadura até o governo Lula.
Palocci, encarnado de Ministro da Fazenda do primeiro governo Lula, personificou como ninguém a submissão da Polítca à "Razão econômica" e protagonizou o ápice do neoliberalismo no Brasil: juros reais persistentemente acima de 10% ao ano, superávit fiscal superior a 4,25% ao ano, taxas de cambio "flexíveis", desde que valorizadas. Foi sob a batuta de Palocci que se produziu uma transferência de renda dos remediados aos ricos sem precedentes em nossa história: em média, foram 140 bilhões de reais por ano. E, não custa lembrar, o neoliberalismo de Palocci só não foi mais alto porque algumas forças minoritárias no governo se opuseram e porque, por um episódio ex-machina, ele teve que se afastar do governo.

Para fortuna do país, sua exoneração precoce evitou a implantação de jóias do liberalizamo econômico que vinham sendo lapidadas pelo gabinete do então ministro: pretendiam tornar lei o superávit fiscal, a ser cumprido a despeito dos sabores da política ou do contexto macroeconômico; ampliar a alíquota da DRU (que permite ao governo usar dinheiro das contribuições sociais, que financiam a Saúde e a Seguridade Social, para pagar juros); conceder autonomia legal ao Banco Central.
Essas eram apenas algumas das mais emblemáticas bandeiras do Ministro Palocci, as quais, diga-se de passagem, estreitariam ainda mais a margem de manobra do governo diante das dificuldades colocadas pela atual crise financeira internacional.

Portanto, seja pelo seu significado político, simbólico - "o homem da captulação" - ou pelo seu legado econômico, é lamentável e assustador que figuras pretensamente de esquerda articulem a candidatura de Palocci ao Governo de São Paulo, quanto mais em um momento em que o liberalismo despenca mundo abaixo.
A única virtude que qualifica o ex-ministro - e anima os estrategistas do partido - é a de ser politicamente viável, visto que disputaria uma eleição sob um colégio eleitoral bastante consevador.

Mas sua escolha seria o perfeito retrato da degradação política do do PT, que se apresenta crescentemente como uma agremiação movida apenas pela lógica da administração de um espólio político construído à sombra de Lula.

17.2.09

bom cardápio de jornais

Meus caros, nestes tempos de jornais esquálidos e conteúdos duvidosos, nada como uma boa peneira que se encarregue de amontoar as poucas pepitas que por aí circulam. Pois é isto que faz um site mantido pelo Ministério do Planejamento. Em seu "clipping" diário, disponibiliza aos internautas as melhores matérias publicadas nos jornais do dia. Confiram!

Obs: coloquei o Link na Redondeza ali ao lado.

15.2.09

a decadência mexicana


Cresce na imprensa o número de notícias dando conta da decadência econômica e social observada no México (veja-se, por exemplo, matéria no Estadão de hoje). Ao longo dos últimos anos, principalmente a partir do avanço de governos de viés liberal e do acordo de livre comércio firmado com os EUA (Nafta), avança no país o desmantelamento de seu tecido nacional, com crescente distanciamento político e econômico entre suas classes e suas principais regiões. Mais recentemente, em seus maiores centros urbanos, cresceu dramaticamente os níveis de violência e a instituciuonalização do crime organizado ligada ao tráfico de drogas, que transferiu seus núcleos de poder da Colômbia para as cidades mexicanas.
No cinema, uma mostra trágica desta nova era mexicana é o filme La Zona, (Zona do Crime), de 2007, que retrata a fragilidade do Estado ante uma elite liberal, arrogante e cosmopolita e um mar de pobres a habitar as margens inóspitas da economia maquiladora.
E é especialmente reveladora a trajetória mexicana (incensada pelos nossos mídia-ligeira) se a compararmos com a trajetória argentina (malhada pelos quatro ventos). Alinhados como emergentes promissores há dez anos, os dois países seguiram rumos distintos nesta primeira década do século XXI e hoje parece obvia a muito mais confortável situação da Argentina (apesar da crise momentânea) ante a deterioração profunda que afeta a sociedade mexicana.