24.2.09

o PT sem razão de ser


Em sua edição de nº534, a revista Carta Capital noticia que cresce no PT o consenso entorno do nome de Palocci para candidato ao governo paulista. A reportagem buscou a opinião de diferentes estrelas da direção nacional do partido e, de fato, fica evidente que não há resistências ao nome do ex-Ministro da Fazenda. Todos com Palocci!
Quem diria? É a pá de cal no que resta de esquerda neste partido que foi protagonista de importantes movimentos de transformação social no Brasil, desde o fim da ditadura até o governo Lula.
Palocci, encarnado de Ministro da Fazenda do primeiro governo Lula, personificou como ninguém a submissão da Polítca à "Razão econômica" e protagonizou o ápice do neoliberalismo no Brasil: juros reais persistentemente acima de 10% ao ano, superávit fiscal superior a 4,25% ao ano, taxas de cambio "flexíveis", desde que valorizadas. Foi sob a batuta de Palocci que se produziu uma transferência de renda dos remediados aos ricos sem precedentes em nossa história: em média, foram 140 bilhões de reais por ano. E, não custa lembrar, o neoliberalismo de Palocci só não foi mais alto porque algumas forças minoritárias no governo se opuseram e porque, por um episódio ex-machina, ele teve que se afastar do governo.

Para fortuna do país, sua exoneração precoce evitou a implantação de jóias do liberalizamo econômico que vinham sendo lapidadas pelo gabinete do então ministro: pretendiam tornar lei o superávit fiscal, a ser cumprido a despeito dos sabores da política ou do contexto macroeconômico; ampliar a alíquota da DRU (que permite ao governo usar dinheiro das contribuições sociais, que financiam a Saúde e a Seguridade Social, para pagar juros); conceder autonomia legal ao Banco Central.
Essas eram apenas algumas das mais emblemáticas bandeiras do Ministro Palocci, as quais, diga-se de passagem, estreitariam ainda mais a margem de manobra do governo diante das dificuldades colocadas pela atual crise financeira internacional.

Portanto, seja pelo seu significado político, simbólico - "o homem da captulação" - ou pelo seu legado econômico, é lamentável e assustador que figuras pretensamente de esquerda articulem a candidatura de Palocci ao Governo de São Paulo, quanto mais em um momento em que o liberalismo despenca mundo abaixo.
A única virtude que qualifica o ex-ministro - e anima os estrategistas do partido - é a de ser politicamente viável, visto que disputaria uma eleição sob um colégio eleitoral bastante consevador.

Mas sua escolha seria o perfeito retrato da degradação política do do PT, que se apresenta crescentemente como uma agremiação movida apenas pela lógica da administração de um espólio político construído à sombra de Lula.

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