Se a Inglaterra de 29 são os EUA de hoje, seria a China de hoje os EUA de 1933?
Vejamos...
Ontem, o governo chinês anunciou um superpacote de incentivos à sua economia: são US$ 586 BILHÕES para serem investidos, nos dois próximos anos, em habitação popular, infraestrutura e reconstrução de áreas atingidas por terremotos recentes.
Assustados com a possível desaceleração de sua economia para 9% a.a. (quais, quarais, quais, quais!!!!), os chineses não pensaram duas vezes: ante a redução da demanda global, jogarão pesado para turbinar a demanda interna e assim contrabalançar os efeitos recessivos da crise mundial.
Esta história - que poderá ou não se confirmar - segue um enredo parecido com o da crise de 29. Naquela ocasião, a Inglaterra ainda era tida como potência hegemônica, emissora da moeda internacional (a libra esterlina) e responsável em última instância pela manutenção do Padrão-Ouro. Embora à época a virulência da crise recomendasse às economias desenvolvidas alternativas heterodoxas e nacionalistas, os ingleses resistiram o quanto puderam, afundando a sua economia junto com a caduca arquitetura do Padrão-Ouro. Em contrapartida, duas potências emergentes da época - os EUA (com o New Deal de Roosevelt) e a Alemanha (com Hitler) - abandonaram a rígida ortodoxia liberal, lançaram mão do Estado e do orçamento público como forma de revigorar suas economias por dentro (via demanda interna) e já em 1939 estavam tinindo, a ponto de terem lutado como protagonistas a maior guerra de todos os tempos. Desta estratégia, emergiu a nova potência hegemônica (os EUA), jogando a enferrujada e conservadora Inglaterra para os livros de história.
Pois, estaríamos assistindo a uma reprise daquele dilema vivido pelos Ingleses? Será que os EUA de Bush e agora Obama ousarão cometer a 'heresia' - para o liberalismo econômico norte-americano - de transformar o Setor Público em novo e agigantado "Big Governmet", capaz de dinamizar a demanda e evitar o colapso dos preços e do emprego? Ou será que, como a Inglaterra de outrora, permanecerá sentado em seu trono de areia, assistindo ao "Big Governmet" stritu sensu dos pragmáticos chineses, que ao final da trovoada poderão lhes roubar a braçadeira de capitão?
Eis a questão mais relevante de toda a discursera que toma conta do noticiário econônico atual.
Mas, em minha mui modesta opinião, Obama e sua turma parecem atentos ao problema e já dão sinais de que não darão margem para o colapso de sua economia real. Pelas declarações de Rahm Emanuel no Financial Times de hoje, "Obama vê a crise financeira como uma oportunidade histórica para realizar os investimentos em larga escala que os democratas vêm prometendo há anos". Oxalá!
Como bom estadista que parece ser, Obama indica que os EUA não sucumbirão à 'maldição do vencedor', agindo prontamente para recuperar o dinamismo interno de sua economia e de seu mercado de trabalho. Como a China promete fazer o mesmo, tudo indica que o jogo continuará a ser jogado, a economia global deverá se reerguer em alguns meses e a braçadeira deverá continuar com os Yankees por mais um tempo.
Pelo menos desta feita, o pessoal parece ter aprendido alguma coisa com a história.
Para conhecer uma proposta de economistas afinados com Obama, recomendo a leitura do texto elaborado pelo Economic Policy Institute. Clique Aqui.
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