14.5.08

carta ao mídia-ligeira

reproduzo abaixo mensagem que enviei ao Carlos Alberto Sardemberg e a resposta que o ilustre jornalista me enviou. Tirem suas conclusões:


De Marcelo - Para Sardemberg
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Caro Sardemberg,

Por um dever cidadão, vigilante, continuo escutando teus comentários diários.
Na tarde de ontem ao analisar o projeto do Fundo Soberano creio que, no afã de se opor a tudo o que parte do governo, cometeste um erro crasso. Disseste que o governo iria captar reais vendendo títulos da dívida pública para com isto comprar as divisas que comporão o fundo e que, portanto, o custo da operação seria de 7% ao ano.
Ora, a proposta não é esta. Quando o governo sinaliza que vai usar recursos do tesouro (do superávit primário) para comprar divisas (com custo zero de captação) está justamente criando uma alternativa à atual política de acumulação de reservas que onera o país na medida em que captamos por 7% e aplicamos por 2% ou 3%. É claro que alguém poderá argumentar que seria melhor usar o superávit para reduzir a dívida pública e que portanto o custo de oportunidade implica nos tais 7%. Ocorre que, por conta da crescente deterioração de nossa conta corrente, o governo terá que comprar dólares em quantidades razoáveis durante os próximos meses e, portanto, a oportunidade de redução da dívida não é factível.
Por fim, é sempre bom lembrar que, como ensina a boa teoria econômica, a estratégia do BC de trocar reais por títulos da dívida pública não evita a monetização da economia. No contexto de grande flexibilidade do mercado financeiro contemporâneo, títulos de dívidas são quase-moedas (i.é., substituem a moeda em inúmeras operações) contribuindo portanto para o aumento da base monetária e consequentemente aquecendo o mercado - à revelia do BC. Só que, infelizmente, a teoria econômica convencional (que habita a alma dos diretores do BC e os bolsos de alguns jornalistas que se aventuram pelos meandros da ciência econômica) faz vista grossa para este problema, acreditando num teorema do arco da velha (século XVIII) conhecido como a Teoria Quantitativa da Moeda.
O buraco é mais embaixo, meu caro fazedor de cabeças. Sugiro que procure saber algo sobre a Teoria Monetária da Produção. Conceito keynesiano que aponta para a inexcapável relação entre as esferas real e monetária da economia contemporânea, que joga por terra as simplificações da ortodoxia neoclássica.

Abs vigilantes
Marcelo Manzano


De Sardemberg para Marcelo
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bom, quem falou que ia emitir títulos foi teu colega, o keynesiano Mantega.

mesmo que utilize só o dinheiro do superávit primário - aliás, melhor do que gastar em custeio, previdência e pessoal - terá que emitir os títulos para resgatar os reais - como eles estão fazendo com as compras do BC.

e vc pode poupar meu email de suas teorias. Ou já sei ou não interessa.

3 comentários:

  1. Uau! Puxa, gostei do 'vigilante'. Parece que você está perdido no tempo rapá. Deixa o velhinho emitir a opinião dele. Isto é uma democracia ou não?
    A sua cambada já está no poder. Que mais você quer hein? Amordaçar a imprensa também? Volta pro 'INGSOC' de onde nunca deveria ter saído. "Avante companheiros, para tás!"

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  2. rapaz, q escroto esse sardemberg.

    e esse joel confunde crítica com autoritarismo. bacana esses DEMOcratas que não admitem o contraditório, né?

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  3. Pois é. Lamentável a postura do Sardemberg, que, por incrível que pareça, ainda arrebata defensores que 'bravam' em nome da liberdade de opinião. Mas não é exatamente isto que cobramos do Sardemberg e seus patrões?

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