11.5.08

cadê o 'fora standard & poors'?

Com o "investiment grade", fomos alçados à condição de país sério, deixando para trás o comentário agourento de Lévi Strauss. Lula, é claro, comemorou como devia, mas será preciso ficarmos atentos aos novos desígnios.
Nem bem recebemos as estrelinhas, já vieram as novas recomendações da agência Standard & Poor, sugerindo o que devemos fazer daqui para frente para não retrocedermos à condição de economia de alto risco. Redução da relação dívida pública/PIB, segurança institucional, entre outros cliches da ortodoxia econômica evidentemente encabeçam a lista da S&P. É prache. É do gosto do mercado. Mas entre os conselhos market friendly, há sugestões que são evidente intromissão sobre assuntos internos do país, questões soberanas, e que não dizem respeito a qualquer instituição estrangeira, muito menos à uma empresa privada cuja finalidade última é orientar o capital rentista nas aventuras do mercado globalizado. Reforma trabalhista, reforma tributária, política ou previdenciária não poderiam nunca ser mencionados pala S&P, pois são assuntos que dizem respeito ao país que queremos. Bem ou mal, temos mecanismos institucionais legítimos para tratar destas questões e como qualquer nação soberana devemos pensar aqueles temas orientados única e exclusivamente pelos interesses dos brasileiros que aqui vivem e aqui votam. já não bastasse a imprensa vendida que se apoderou da "opinião pública" nos anos recentes, é inaceitável que a lógica dos rentistas do além-mar venha a desenhar nosso país. FMI, BID ou BIRD, mesmo que arbitrários e inoculados pelos interesses das nações hegemônmicas, ao menos fazem suas recomendações sob a aura do multilateralismo, contando por isso com alguma legitimidade e abrindo a possibilidade de contrapontos nacionais.
Já as agências classificadoras de risco têm como único compromisso atender às expectativas das finanças internacionais e, portanto, não precisam responder a ninguém nem sequer justificar seus erros. Supostamente, as agências são vigiadas pelo próprio Deus-Mercado.
Portanto, meus caros, é bom botar as barbas de molho. O grau de investimento certamente nos trás alguns benefícios, mas nossa soberania não deve ser triscada por nada, sob o risco de sentirmos saudades do "fora FMI".

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