9.5.08

mais dos mídia-ligeira


Por infortúnio supremo, ouço o Sardemberg nas três vezes que ele aparece na voz do Brasil, digo, CBN. De manhã, quando assonado levo a gurizada à escola. Ao meio dia, quando cato a gurizada. E, ao cair da tarde, quando volto para o lar.
Há algo estranho, difícil de entender, mas não consigo resistir àquelas palavras descabidas do homem que interpreta a economia para a classe média deste país.
Ontem, quinta-feira, transito parado, o mídia-ligeira falava das linhas gerais da política industrial que será anunciada pelo governo Lula na próxima segunda. Dizia que, ao que parece, haverá uma desoneração horizontal de tributos (REDUÇÂO DA CARGA TRIBUTÁRIA), grande bandeira de endinheirados e remediados de nosso país. Mas, como o cara não se permite elogiar o governo Lula, disse que, pelo menos desta vez, o governo não cometerá o erro de fazer uma política industrial buscando estimular ou favorecer este ou aquele setor - com o que a âncora concorda e complementa dizendo que afinal a política praticada até agora (que elege setores estratégicos) não tem dado muito certo. E te-re-te-te e ti-ri-ti-ti,....
Brincadeira! O debate econômico no Brasil anda tão fraco, mirrado, que os dois mídia-ligeira sentem-se absolutamente a vontade para dizer o que vier à mente, desde que seja contra o governo, sem qualquer receio de estarem afrontando estrondosamente a realidade dos fatos.
Se há algo minimamente positivo e razoável na política econômica do governo Lula (e olha que a era Palocci cometeu grandes impropérios econômicos) é o fato de ter recolocado a política industrial na ordem do dia e ter direcionado o aparato estatal disponível para desenvolver setores estratégicos, seja para desencadear o crescimento econômico, seja para gerar empregos e inclusão social.
Os fatos são fartos: no setor da construção civil, por exemplo, o governo desonerou vários elos da cadeia produtiva, abriu linhas de financiamento específicas do BNDES para as indústrias do setor e via SFH e Caixa Econômica Federal, fomentou o sistema de crédito imobiliário, gerando um boom no setor que não se via desde o distante "milagre econômico" dos anos setenta. Como qualquer desavisado sabe, o resultado desta "política industrial setorial [vertical]" deu um resultado pra lá de exitoso, provocando aquecimento da economia, criando uma enormidade de empregos para populações mais vulneráveis, formalizando as relações de trabalho como nunca se viu, ampliando a renda e fomentando os investimentos industriais a níveis inéditos nos últimos 20 anos. Este é só um exemplo. Há ainda o do setor naval, automobilístico, de máquinas agrícolas, etc.
Mas os dois porta-vozes, do alto de seu direito adquirido, dizem em horário nobre o que for preciso, como se do lado de cá estivéssemos todos abilolados, indiferentes à realidade de nosso país de hoje e ignorantes de que não há experiência de industrialização nos últimos 100 anos que não tenha decorrido de um conjunto de políticas industriais de fomento a setores estratégicos.
Industrializar-se depois de 1900 não é tarefa nada trivial. Grosso modo, pouquíssimos países conseguiram. Brasil, Coréia e China talvez sejam os poucos casos de sucesso e na história dos três é notória a estratégia de eleger setores a serem favorecidos e estimulados por políticas econômicas ativas e verticalizadas. Fora dos primitivos manuais de economia que embalam os sonhos do Sarda, não há lei de mercado, fundamento econômico ou investment grade que seja capaz de tirar um país de sua condição periférica e atrasada e alçá-lo à condição de nação industrializada.

Mas amanhã é outro dia, a gurizada vai à escola e o Sardemberg continuará falando das suas.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente. O Sardenberg é um caso perdido, não sei se por desonestidade ideológica ou se por burrice mesmo.
    PS: Na enquete sobre os melhores times dos anos 90 você cometeu um erro: O Santos de Robinho e Diego foi montado no segundo semestre de 2002 quando Leão chegou após o vexame de Celso Roth na Liga Rio-São Paulo, portanto, não poderia estar na disputa.
    Abraços!

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  2. Tens toda razão. O santos da dupla moleque já é da década de 2000.
    Obrigado pelo lembrete!

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