29.5.08

outra carta ao sarda


Caro Sardemberg,
Vejo que você ainda não compreendeu o que se passa em relação ao Fundo Soberano.
1º)o formato proposto originalmente (de comprar dólares com receitas fiscais) faz todo o sentido, justamente porque se trata de uma alternativa à atual política de acumulação de reservas que implica na chamada "esterilização monetária", i.é, a venda de títulos e consequente aumento da dívida pública. Portanto, com o FS teríamos uma redução da dívida a médio prazo, com a vantagem da constituição de uma poupança externa que atuaria como mecanismo estabilizador anti-cíclico. Por contra-posição, sem o FS, e mantida a atual política aquisição de reservas, permanecerá a obrigação de venda de títulos (novo endividamento)para enxugar a liquidez.
2º) a batelada de críticas que tuas fontes do mercado financeiro fazem resulta do fato de que, com a existência do FS, o BC perderia poder sobre a política cambial - âncora não-declarada da estabilidade de preços - o que, aos olhos dos agentes financeiros, significa redução de ganhos (a talvez até perdas) com a arbitragem cambial que tanto lhes enchem as burras, quanto debilitam a competitividade da produção nacional.
3º) a nova fortmatação do Fundo Soberano (que não tem nada de fundo, nem de soberano), comemorada com ironia por você na CBN, nada mais é do que o velho "superávit nominal" destinado ao pagamento da dívida pública. É o sonho dourado dos do mercado financeiro, pois, para continuarem aplicando em títulos do tesouro, desejam - e pelo jeito conseguirão - que o governo não poupe esforços (receita fiscal)para quitar a dívida velha e assim reduzir-lhes o risco que incide sobre a dívida nova.
4º) Em suma, por trás de toda esta parafernalha fundista, existe apenas uma queda de braço entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central para ver quem fica com o controle da política cambial. Em última instância, as porradas sobre o inseguro Ministro Mantega é estratégia para resguardar os interesses maiores dos rentistas da seleção canarinho.
Mas você nunca fala destas coisas, né não?
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Esclarecimento:
há algum tempo venho cobrando via e-mail que o Sardemberg seja menos tendêncioso em seus comentários radiofônicos sobre economia, não só porque a pluralidade de opiniões sempre fará bem a uma rádio da dimensão da CBN, mas, pricipalmente porque o nível de falseamento e a quantidade de marteladas em suas análises insultam a inteligência e o humor dos ouvintes.
Cabe lembrar que, desde quando resolvi publicar neste blog as trocas de e-mails com o jornalista, com respostas de grande grosseria e sabujice, ele deixou de responder as mensagens.

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