27.5.08

por um caminhão de abóboras

Comemora-se hoje o dia nacional da imprensa. Triste imprensa brasileira. Lamentável mídia-ligeira. Cada dia mais alinhada com interesses particulares, cada vez mais chinfrim, cada dia mais desacreditada. A Veja, ponta-de-lança deste processo, zombou da inteligência de seus leitores e agora enfrenta queda progressiva de suas vendas, substituição de seus dirigentes e inédita crise de identidade. A Globo, que na eleição de 2006 mostrou os dentes, despediu 'desalinhados' e cuspiu no prato que comeu (BNDES), dá sinais de recuo na TV - embora mantenha-se dogmática em relação aos temas fundamentais ($$$)- mas solta os sabujos na poderosa CBN.
Sardemberg à frente, tome bobagens sem que nada bote freio. Na data de hoje, como em qualquer outra, não foi diferente. Sardemberg, ícone maior dos mídia-ligeira, vêm à classe média ainda assonada desancar a proposta de compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Por dogma e ignorância, o mídia-ligeira demonstra logo seu desapreço pela proposta de manter a Nossa Caixa sob controle estatal. Depois, argumenta que o método de venda, por não passar pelo mercado, resultará em um valor menor do que aquele que se conseguiria caso houvesse um leilão aberto à outras instituições bancárias. Ora, ora! A gana liberal do mídia-ligeira encharca o seu córtex e ele esquece de considerar os fatos. Como foi noticiado nos jornais nos últimos dias, a Nossa Caixa , por ser pública, possui um ativo - nada menos que 16 bilhões de reais depositados a título de "depósitos judiciais" - que não serve ao setor privado (portanto não seria considerada no leilão), mas que interessa a um futuro controlador estatal, como por exemplo o Banco do Brasil. Só por isso, já se justificaria a venda pelo método tão criticado pelo Sarda. Mas, o problema é que existem implicações ainda mais importantes neste episódio, para as quais qualquer jornalista econômico deveria atentar, mas que passam batido nas ondas da CBN. Bancos públicos, tem papel estratégico no desenvolvimento dos países e portanto não cabe avaliar o futuro da instituição pela simples análise de seu "preço de venda". Bancos públicos, especialmente em um país com um sistema financeiro viciado em títulos do governo, devem cumprir o papel de ofertar crédito a setores que não interessam aos bancos privados, a regiões do estado ou do país que não contam com um dinamismo econômico suficiente para garantir investimentos produtivos ao nível necessário para a desenvolve-las, etc., etc., etc.,
Enfim, nada como um Sardemberg após o outro para lembrar do quanto precisamos repensar a nossa imprensa.

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