James Galbraith, filho do famoso John Kenneth, é um dos grandes pensadores keynesianos da atualidade. Em entrevista ao caderno Fim de Semana do jornal Valor Econômico (leia aqui) ele explica de forma simples e com muita lucidez os equívocos do governo Obama na condução da crise financeira que herdou.
Ao ceder a condução da política econômica a economistas market friendly (amigos dos bancos e dos interesses financeiros) e embarcar na idéia de despejar dinheiro para ajudar o falido sistema financeiro daquele país, Obama nada mais fez do que apenas salvar os bancos.
Num ambiente de grande incerteza, quem deu as caras foi o velho e renitente problema da "armadilha da liquidez", sempre a espreitar nas esquinas das crises de acumulação. Quando o horizonte é turvo, os bancos sentam em cima do dinheiro e não há como obrigá-los a emprestar, mesmo que sejam despejadas moedas na economia - como gosta de lembrar o Delfim Netto, a política monetária funciona tal qual a rédea de um cavalo: é boa para frear, mas não tem serventia na hora de empurrar.
Sem crédito, a economia pára e, no limite, assiste-se a queda dos preços dos ativos e mesmo dos bens de consumo, levando à deflação e ao desemprego.
Alternativamente, Galbraith sugere, por exemplo, que se promovesse a redução da idade de aposentadoria, de 65 para 62. Com essa turma de felizardos indo pra casa mais cedo, seus postos de trabalho seriam ocupados pelos mais novos, reduzindo o desemprego, ampliando a confiança na economia e, portanto, estimulando novos investimentos. Certamente, outras medidas heterodoxas seriam necessárias. Ao invés de capitalizar os bancos ou de injetar 600 bilhões de dólares na economia, poderia-se ampliar o gasto público em infraestrutura, em saúde ou educação, expandindo a demanda e revertendo o processo.
Mas, Obama definitivamente não é o cara. Seu estilo conciliador sucumbiu à complexidade da crise, que exigia medidas econômicas bem mais audaciosas. Preferiu apostar na paz com os republicanos e seus interesses financeiros e terminou moído e à deriva. É uma pena, tanto por ele, quanto pelos esperançosos americanos que lhe elegeram numa bela campanha, quanto inclusive por nós todos que sofreremos nos próximos anos os efeitos dessa inépcia econômica.
Marcelo, apesar de não concordar com a solução que vc propõe, concordo que ficar em cima do muro é pior. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, fica tudo andando de lado, como caranguejo na praia que não que quer nem mergulhar nem ir para a areia quente. Só que a maré sobe...
ResponderExcluiroutras medidas desse heterodoxas seriam necessárias.
ResponderExcluirArruma aí, Manzzzzano!!