12.11.10

obama não é o cara - infelizmente

James Galbraith, filho do famoso John Kenneth, é um dos grandes pensadores keynesianos da atualidade. Em entrevista ao caderno Fim de Semana do jornal Valor Econômico (leia aqui) ele explica de forma simples e com muita lucidez os equívocos do governo Obama na condução da crise financeira que herdou.

Ao ceder a condução da política econômica a economistas market friendly (amigos dos bancos e dos interesses financeiros) e embarcar na idéia de despejar dinheiro para ajudar o falido sistema financeiro daquele país, Obama nada mais fez do que apenas salvar os bancos.

Num ambiente de grande incerteza, quem deu as caras foi o velho e renitente problema da "armadilha da liquidez", sempre a espreitar nas esquinas das crises de acumulação. Quando o horizonte é turvo, os bancos sentam em cima do dinheiro e não há como obrigá-los a emprestar, mesmo que sejam despejadas moedas na economia - como gosta de lembrar o Delfim Netto, a política monetária funciona tal qual a rédea de um cavalo: é boa para frear, mas não tem serventia na hora de empurrar.

Sem crédito, a economia pára e, no limite, assiste-se a queda dos preços dos ativos e mesmo dos bens de consumo, levando à deflação e ao desemprego.

Alternativamente, Galbraith sugere, por exemplo, que se promovesse a redução da idade de aposentadoria, de 65 para 62. Com essa turma de felizardos indo pra casa mais cedo, seus postos de trabalho seriam ocupados pelos mais novos, reduzindo o desemprego, ampliando a confiança na economia e, portanto, estimulando novos investimentos. Certamente, outras medidas heterodoxas seriam necessárias. Ao invés de capitalizar os bancos ou de injetar 600 bilhões de dólares na economia, poderia-se ampliar o gasto público em infraestrutura, em saúde ou educação, expandindo a demanda e revertendo o processo.

Mas, Obama definitivamente não é o cara. Seu estilo conciliador sucumbiu à complexidade da crise, que exigia medidas econômicas bem mais audaciosas. Preferiu apostar na paz com os republicanos e seus interesses financeiros e terminou moído e à deriva. É uma pena, tanto por ele, quanto pelos esperançosos americanos que lhe elegeram numa bela campanha, quanto inclusive por nós todos que sofreremos nos próximos anos os efeitos dessa inépcia econômica.

2 comentários:

  1. Marcelo, apesar de não concordar com a solução que vc propõe, concordo que ficar em cima do muro é pior. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, fica tudo andando de lado, como caranguejo na praia que não que quer nem mergulhar nem ir para a areia quente. Só que a maré sobe...

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  2. outras medidas desse heterodoxas seriam necessárias.


    Arruma aí, Manzzzzano!!

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