É fruto de tamanha ignorância e irracionalidade, que talvez mais sensato seria deixar que falassem entre si, sem que lhes déssemos eco. Porém, o fato é que essa onda fascista já ganhou visibilidade e agora se apresenta inclusive sob o abominável slogan:
"São Paulo para os paulistas".
Mas essa molecada é besta mesmo!
E, de tão abestada, sequer é capaz de entender o significado das críticas e dos incontáveis argumentos que a eles se contrapõem, principalmente pela internet. Agem como se estivessem esgrimando com inimigos do mundo de Harry Potter. Vivem uma realidade tão reificada, que não há argumento capaz de rasgar o véu e lhes sensibilizar para a concretude de seus jogos de palavras e para o significado real de suas bravatas.
Para mentes 'descoladas' como as dessa gente, palavras e argumentos não servem senão para apurar seu gosto pelo sangue azul. Somente ações concretas os farão despertar de seu delírio de classe rentista e fazê-los enxergar a fragilidade de sua condição privilegiada, mas altamente dependente da estrutura social - e fartamente nordestina - que lhes engrossa o maná.
Pois, por que não lhes dar um auxílio para que compreendam o quanto do Reino é feito de gente do norte e do nordeste?
Sugiro 24 horas de folga para todos aqueles que a paulistada resolveu esnobar. Que fiquem então os paulistas com os paulistas. Só 24 horas, nada que coloque em risco o reino de ninguém. São Paulo en su tinta!
Os meninos poderão ajudar mamãe a carregar o lixo, as meninas cortam a cebola, limpam o banheiro. Mas, lembrem-se, não vai dar para almoçar no Bar des Arts, no Viena, nem mesmo no Mac. Também não haverá cineminha no Shopping, nem será boa idéia sair de carro, pois o vigilante do estacionamento estará no Bar do Biro, comendo farinha seca e se perdendo na cachaça. Serão insuficientes os taxis e o metrô provavelmente não será recomendável - os cabeças chatas da manutenção só voltarão no dia seguinte. Lembrem-se também de ficar atentos quando passarem pela portaria - o Ceará não estará lá. Clube? esqueça, a piscina não foi limpa e sem cloro a micose viceja, mesmo entre os brancos, mesmo entre os paulistas. E se, apesar de todos esses possíveis percalços, resolverem se aventurar pela ruas da cidade, muito cuidado. Entre o pessoal de emergência, bombeiros, motoristas de ambulância, mecânicos e borracheiros, há uma grande maioria que é oriunda daquelas regiões acaloradas. Lembrem-se também que faltarão médicos, enfermeiras, músicos, chefs, sommeliers, baristas, alfaiates, bancários, advogados,.... um mundo de gente mal nascida, que insiste em viver nessa pujante terra de Piratininga.
É verdade que será um tanto difícil, mas, apenas por 24 hs. Nada que tire pedaço de ninguém. A brava gente bandeirante é forte. Além do mais, quem sabe os paulistas se superam e se descobrem capazes de viver sem o auxílio desprezível dessa turma do norte? Já imaginaram, vivermos apenas entre nosotros?
Ficamos então combinados. Façamos o teste. Marca-se o dia, a verdadeira "Virada Paulista!" 24 horas de sangue bom! Para que não haja riscos maiores que afetem a rentabilidade do nobre capital paulista, pode-se até escolher um domingo, quando, na pior das hipóteses, todos ficarão em suas casas, à espera da segunda e dos nordestinos.
Coragem!
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Seguem alguns links para consulta aos principais artigos a respeito da polêmica:
Cynara Menezes: campanha de Serra insuflou preconceito,
distribuindo panfletos "Dilma não gosta de são paulo"
http://bit.ly/9bRMvi
Bob Fernandes: Querem colocar "pessoal do Nordeste" como vítima, diz integrante do
Movimento SP para Paulistas http://migre.me/1Z3LO
Diário do Nordeste: OAB abre hoje representação criminal contra a onda
de ataques aos nordestinos no Twitter - http://bit.ly/90gWcf
Vídeo com coletânea de mensagens xenófobas divulgadas no twitter
(http://youtu.be/tCORsD-hx0w),
Telegraph: "Brazilian law student faces jail for ´racist´ Twitter
election outburst", http://bit.ly/cXoMs8
Mostrar primeiro os nordestinos que são trabalhadores braçais e reservar apenas duas linhas aos que tiveram mais oportunidades na vida tbm reforça a falsa ideia de que o nordestino é burro, sem estudos e só serve para servir aos paulistas. O texto reforça o que um bobão postou no twitter: "se os nordestinos forem embora, quem vai fazer meu almoço?"
ResponderExcluirExiste igual quantidade nordestinos mais e menos favorecidos em SP. Falemos deles como um todo.
Roberta, nordestina, psicóloga, mãe, mulher e ser humano acima de tudo.
Roberta, não creio que esteja reforçando o preconceito. Meu intuito foi expor a hipocrisia dessa elite paulista, que se serve e explora nordestinos da classe trabalhadora e se sente à vontade para rechaçá-los com argumentos xenófobos.
ResponderExcluirComeça a figurar no subconsciente uma certa mescla entre novela e realidade, se o direito é de e para todos , quais são as razões que determinam o privilegio de uma cultura sobre outra?
ResponderExcluirporque o preconceito é sempre denominado como via de mão única se na realidade maior do dia a dia ele é bilateral e não exclui cultura nenhuma. E que toda manisfestação da indgnação, pela violência se aproxima grotescamente do xenofobismo que geralmente quem manisfesta alega sofrer
Daniel
Vou além no seu projeto, que nessas 24 horas, convença assaltantes nordestinos a também não saírem às ruas, que nenhum nordestino vá a um hospital ou se utilize de transportes públicos. Que além desses explorados pela Elite branca, camêlos e flanelinhas nordestinos também não saiam às ruas. Vamos ver como funcionaria São Paulo. Gostei da Virada Paulista, parabéns pela idéia.
ResponderExcluirDaniel, talvez você tenha razão. Como paulistano, branco e de classe média alta, eu talvez esteja manifestando um viés xenófobo peculiar, do tipo autofágico, que tem aversão aos seus.
ResponderExcluirLamento!
blablabla
ResponderExcluirFernanda, que bom que você gostou da idéia. Quero apenas complementar tuas informações, lembrando que a maioria da população carcerária do nosso estado de São Paulo é composta de brancos e, pasme, nascidos no sudeste.
ResponderExcluirOutro dado importante: enquanto o Bolsa Família, com um orçamento de R$ 13 bilhões distribui seus recursos para 40 milhões de brasileiros, muitos dos quais habitantes das regiões norte/nordeste, os juros da dívida pública (oriundos do mesmo orçamento) somam R$ 180 bilhões e se destinam fundamentalmente aos bolsos dos 1% mais ricos (2 milhões de pessoas) moradores dos condomínios de luxo esparramados pelas cidades do Sul e do Sudeste.
Quanto aos ladrões, olhe ao redor: é possível contar nos dedos os ricos desse país que não são sonegadores contumazes. Vivessem em um país mais justo, estariam no xadrez.
Bom Marcelo, lendo teu blog, e analisando tuas opnioes, quem realmente lamenta sou eu
ResponderExcluirabraços
É Marcelo, como de praxe no governo Lula, os índices sempre são flutuantes, a balança pende sempre para o lado que se quer argumentar. Quando defendem cotas e desigualdade,a população carcerária é predominante negra, quando a discussão é a criminalidade e a migração a população é branca. Tudo é relativo.
ResponderExcluirFlutuante coisa nenhuma. São 180 bi para o topo da pirâmide (1% da população brasileira) e 13 bi para os 20% de baixo da pirâmide, que recebem Bolsa Família.
ResponderExcluirEu tenho medo é da elite branca e raivosa, que o Cláudio Lembo identificou na nossa história. Num Brasil menor e que não é o da imensa nação do povo que se minsturou com negros, indios e tantas outras etnias, teve um cientista chamado João Batista Lacerda, apresentou em 1911, em Londres a tese de que em 2012 os negros despareceriam da população brasileira. Graças a Deus a tese não vai se confirmar. Vamos continuar convivendo com todas as mulatas, nordestinos, cearenses e baianos que somente enriquecem a nossa cultura, e produzem toda a nossa riqueza. Riqueza que não é distribuida com justiça para o povo. Ridiculos e imbecis vão existir sempre. As pragas e as desgraças fazem parte da elite branca e raivosa, de um Brasil pequeno. Grande abraço Marcelo. Sinésio Müzel de Moura
ResponderExcluirGrande Sinésio!
ResponderExcluirPois é, não só o tal JB lacerda estava enganado, como somos cada vez mais um povo miscigenado.