18.10.10

o polvo que a veja esconde atende pelo nome de din-din

Na página A7 do jornal Valor Econômico de hoje (leia aqui) uma reportagem muito esclarecedora sobre os vícios que vão se cristalizando na medida em que os processos eleitorais se repetem e se institucionalizam no país.

O fato é que o dinheiro fala cada vez mais alto. De acordo com os dados do TSE analisados pelo jornal, 70% dos eleitos para a Câmara Federal estão entre os maiores arrecadadores em seus respectivos estados. Ou seja, há uma evidente correlação entre dinheiro de campanha e voto. Além disso, como também chama a atenção a reportagem, os candidatos que já vinham de um mandato, conseguem angariar mais apoios financeiros e, portanto, tem chances significativamente maiores de se elegerem.

É claro que isso não é novidade para ninguém. É mais do que sabido que cada voto tem um custo e, tendo como pagar, quase sempre se consegue eleger. Mas o que chama a atenção na matéria é o peso que essa relação dinheiro-voto vai ganhando na política brasileira, independentemente de região do país ou de cor política de cada candidatura. Tem candidato montado no dinheiro em todos os partidos.

É um sinal que deveria servir de alerta àqueles que prezam pela democracia e um motivo a mais para a urgência de uma reforma política. Nos próximos anos, tudo indica que o Brasil viverá um ciclo de prosperidade, com condições de desenvolvimento econômico e social jamais vistos.

Nossa "janela de oportunidade" é resultante dos seguintes fatores: num momento em que sobra capital e faltam oportunidades de negócios no mundo desenvolvido, nós somos uma avenida de possibilidades a ser explorada e, por isso, já estamos atraindo capital estrangeiro em volume elevado e crescente; temos um mercado interno de massas recém descoberto, ávido e crescente; temos e teremos cada vez mais o bem-aventurado Pré-Sal que, além de uma espécie de apólice de seguro quanto à solvência externa do país no futuro, já impacta os investimentos industriais de diversos setores importantes; nossa mão-de-obra com uma distribuição etária em "proporção áurea" também nos permite equacionar da melhor maneira a disponibilidade de mão-de-obras às demandas do mercado de trabalho e à saúde financeira do sistema previdenciário. Enfim, com tudo isso, podemos esperar por anos fervilhantes, mas devemos estar atentes aos riscos políticos e institucionais dessa conjuntura rósea. Entre esses, a crescente pressão dos interesses financeiros na esfera política é dos mais críticos, o que torna inadiável e crucial restringir ao máximo os nexos entre dinheiro e votos. Não avançaremos rumo à consolidação democrática do país se, especialmente nesse cenário de bonança, o capital se mantiver como pólo magnético a definir o rumo dos votos no país. E, por isso, me parece que a melhor alternativa é implementar no curto prazo o financiamento exclusivamente público das campanhas e, de outro lado, estabelecer  restrição ao tipo e volume de despesas por parte dos candidatos.

Entre outros mais, esses temas são fortes razões para eleger a candidata Dilma no próximo dia 31, quando estarão em jogo, não só mais um mandato de quatro anos, mas um mandato especialíssimo, durante o qual se definirão aspectos fundamentais de nosso desenvolvimento nacional. Um erro nesse momento crítico, como eleger um candidato claramente autoritário e com notório desprezo pelas demandas sociais e democráticas, repercutirá provavelmente durante muitos outros mandatos e postergará por décadas a sonhada conquista da autodeterminação de nosso país.

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