4.10.10

escarafunchando o pleito

Algumas considerações sobre a eleição do dia 03:

- Consolida um avanço lento e consistente das esquerdas e em especial do PT, com importante avanço no legislativo. O PT é o único partido brasileiro que cresce ininterruptamente desde 1982, ampliando o número de deputados e senadores a cada pleito.

- A tal Onda Verde, que nesse momento tem sido tão comemorada pela mídia tucana, não me parece que decorra de méritos efetivos da candidata dos seringais. Ao contrário do que andam dizendo Sardemberg, Merval e Cia, acho que a Marina foi o verdadeiro poste da eleição, capturando os votos dos tementes da classe média que, por despolitizados, acreditaram no bombardeio de prata promovido por Serra e seus quatro patrões. Marina apresentou um discurso principista, anódino, despolitizado, e precisamente por isso capturou os desavisados. Além disso, foi a única alternativa que restou entre aqueles que, atentos à palavra do Pastor, não suportaram imaginar a Dilma promovendo abortos Brasil a fora.

- O Datafolha, tanto malhado - inclusive aqui - foi o instituto que mais próximo chegou da fotografia final. O atento Alê Porto já havia demonstrado  (clique aqui) que, nas eleições anteriores, o Datafolha era o instituto de pesquisa que mais bem exprimia a vontade do voto na hora "h". Isso não significa que seja o mais confiável durante todo o período, pois, na comparação com os concorrentes, parece que tem dificuldade de antecipar as tendências de longo prazo, como de fato se verificou nessa eleição, quando correu atrás dos demais. Ou seja, é ruim de filme, mas melhor em fotos.

- Outro ponto importante notado pelo Alê Porto é que nas últimas eleições presidenciais o candidato do PT sempre oscilava de 2 a 3 pontos percentuais para baixo entre a última pesquisa e a votação. Talvez por conta do perfil social e regional do voto petista, verifica-se uma baixa no dia da votação - quando se trata de eleição nacional.

- Fora o fenômeno Tiririca - que, cá entre nós, é melhor e mais divertido que os falecidos Enéas e Clodovil - a trupe dos paraquedistas midiáticos não teve êxito.

- Protógenes, o delegado que ousou morder o calcanhar de Dantas, conseguiu se eleger na última colocação, escapando da fúria que lhe prometia a justiça comum. Sem o fórum privilegiado que terá como deputado, seria devorado como aquele gato da vizinha que, capturado pela molecada do bairro, foi entregue aos onze cachorros reunidos na lavanderia, onde nem uma gota de sangue foi encontrada.

- Por falar em cachorro, na região de Campinas, deu-se um fato que me parece mais grave que a eleição do Tiririca. O deputado estadual com a maior votação foi o tal Feliciano, colega de partido da Marina, que tem como único mote a defesa dos cachorros de rua. Tiririca pelo menos faz rir e representa o voto dos inconsequentes. Já o Feliciano, que não pode ainda contar com os votos da cachorrada, teve seus 137 mil votos garimpados entre seres humanos que fazem dos vira-latas a causa primeira a ser levada à arena política. De minha parte, não tenho paciência alguma com esse assunto e menos ainda com seu representante legislativo, tanto porque, quando eu era responsável pelo programa de apoio às cooperativas de reciclagem na cidade de Campinas, tive que aguentar o sujeito solicitando que encaminhássemos um projeto de lei proibindo o uso de cavalos puxadores de carroça. Quando questionado se achava justo e razoável que um ser humano substituísse um cavalo para puxar as carroças, ele não teve dúvidas em dizer que o ser humano o faz pelo livre-arbítrio e, portanto, poderia escolher outro trabalho. Já o cavalo,... ao que tive que me segurar para não lhe dar um coice.

- E por falar em coices e livre-arbítrio, nada como ver os cavalos da tropa de choque demotucana perderem as eleições. Virgílio, Heráclito, Tasso, Cesar Maia,... Bye!

- Quanto ao segundo-turno, acho que vai ser desgastante, mas com o mérito de colocar na mesa temas importantes que foram evitados até agora. Câmbio e Juros, provavelmente os dois institutos que mais matam e esfolam farão parte do menu. Não custa lembrar que em 2006, quando Lula e Alckmin passaram ao segundo turno, Lula foi obrigado a se posicionar sobre questões cruciais, melhorando a enbocadura de centro-esquerda de seu governo.

Um comentário:

  1. Olá ! Gostei de tudo o que escreveu sobre as votações de 03/10/10. Vem o segundo turno: Serra e Dilma. "E agora José"? Política é mesmo uma coisa esquisita!! Obrigado.

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