19.3.08

O chapéu de Obama

Atingido por um vídeo que circulou no Youtube, em que um pastor e amigo inflamava a comunidade negra com argumentos que supostamente fomentavam o ódio contra os governantes brancos dos EUA, Barack Obama chapelou seus oponentes com a classe e a categoria dignas de um Leônidas da Silva. Ao invés de negar sua proximidade com o Reverendo Jeremiah Wright ou se perder em esquivas teóricas, Obama proferiu um magnífico pronunciamento público, no qual, não só reafirma seus laços com o pastor (que batizou seus filhos, realizou seu casamento), como escancara a hipocrisia do processo eleitoral norte-americano, que usa das cisões entre brancos x negros, mulheres x homens, jovens x idosos, como forma de cooptação de uns contra os outros.
Como disse um pastor da igreja metodista - branco e idoso - ao comentar na CNN o discurso, Obama foi a público como alguém que teria que enfrentar um grande desafio, mas terminou o discurso devolvendo à sociedade norte-americana o desafio de superar a pequenês das estratégias racistas que imobilizam a política naquele país. Entre os comentadores da CNN, democratas ou republicanos, a avaliação unânime foi de que Obama se saiu muitíssimo bem. Não faltou quem o comparasse ao mítico Martin Luther King .

Segue um pequeno trecho do discurso:

"Eu escolhi concorrer à presidência neste momento da história porque acredito profundamente que nós só seremos capazes de vencer os desafios de nossa época se o fizermos conjuntamente – se nós construirmos uma perfeita união, sabendo que temos diferentes histórias, mas que compartilhamos das mesmas esperanças; que não somos todos parecidos, nem viemos do mesmo lugar, mas que todos nós caminhamos na mesma direção – rumo a um futuro melhor para nossas crianças e nossos netos.
"

Um comentário:

  1. Caro Pífano:

    Me pergunto (como sabes):

    SERÁ O BENEDITO?

    E adiciono às suas palavras: Até a comentarista republicana-raivosa da CNN, que foi conselheira do (finado?) Mitt Romney, estava sem fôlego ao comentar o discurso de ontem.

    Ela lembrou uma coisa interessante: o que costumeiramente se vê, nas campanhas políticas, é que os candidatos, apenas a mídia aponte algum espirro mal dado de um seu correligionário ou antigo amigo da High School, prontamente aparece um rede nacional para negar qualquer contato anterior com o Maldito, ou renegar sua quinta geração.

    Obama não fez nada disso: confirmou diante de todos sua ligação com XXX e com a paróquia, sem recorrer ao Esqueçam-O-Que-Eu-Ouvi-No-Sermão-De-Domingo ou subterfúgios similares. Corajoso, tendo em vista a hipocrisia reinante nas campanhas (de lá e de cá).

    Isso me lembra de um outro comentário que ouvi na CNN. O Barak fez o impensável: tratou o eleitorado/a audiência televisiva americana como Adultos, longe da infantilização e da comidinha-mastigadinha-na-boquinha, insultosa e aviltante, que se costuma servir. E colocou a questão: a vida é assim. Contraditória; às vezes feia; e agora o que a gente faz? É com vocês - essa foi a mensagem.

    Obama colocou a bola no campo de quem estava ouvindo (e no da mídia de lá, aquela da colherzinha-na-boca). Agora vamos ver o que eles fazem disso.

    Nós que estamos assitindo daqui, ou eu pelo menos, só penso:

    YES WE CAN.

    (e eles?.... será o Baruch?)

    Saudações bloguentas

    P.S.

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