1.10.08

pau na autonomia do banco central


Em seus artigos de ontem (no Valor) e de hoje (na Folha); o mago e ex-gênio do mau Delfim Neto traz à baila muitos questionamentos sobre o comportamento dos Bancos Centrais ("autônomos") que fizeram bonito nos anos de bonança. Delfim, até outro dia, foi um defensor da autonomia, argumentando que a terefa de zelar pelo valor da moeda, embora prerrogativa do Estado, deveria estar 'protegida' das pretensões populistas e imediatistas dos governantes. Por isso, terceirizar a gestão da moeda a "técnicos" e "profissionais" do ramo poderia ser uma estratégia sensata, principalmente quando associada a sistemas de metas inflacionárias.
Mas, com a crise de agora, a "autonomia" dos BC's vai à berlinda.
Enquanto ultra-conservadores e esquerdistas xenófobos juntam forças na busca pelo DNA da ganância, o esforço para decifrar a crise e evitar que se repita não pode deixar de considerar a leniência "autônoma" dos BCs. Foi precisamente porque acreditava-se na virtude auto-regulatória dos mercados que se instituíram estes esqualidos monstrengos chamados "BCs autônomos", reduzidos à tarefa de "coordenar as expectativas". "BC autônomo" é um eufemismo chinfrim para designar a quase ausência de BC. Nos últimos dez ou quinze anos, a própria Política Monetária (peça maior do arsenal de que dispõe a autoridade monetária) foi sendo esvaziada a ponto de se transformar tão somente em ratificadora das expectativas do mercado. Sob a máxima da não-intervenção, os presidentes dos BCs tornaram-se guardiões dos mercados ante a suposta irracionalidade da Política. Muitos, como o nosso H. Meirelles, foram até premiados como 'personalidade' ou 'economista' do ano, louvados pela capacidade de resistir às pressões do mundo real e pelo exímio manejo das sofisticadas técnicas do não-fazer. E deu no que deu! Quem diria? Estão hoje lutando para convencer seus fieis de que via mercado não voltaremos à luz.
Hmmmm!Engraçado, né? E caro!

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