23.9.08

um pouco sobre a cri$e


Meus alunos andam alvoroçados com o significado e as possíveis consequências da crise financeira que se propaga a partir dos EUA. Que bicho é este?
Nesse momento, ninguém é capaz de enxergar muito além de um palmo do nariz.
Há cenários para todos os gostos, e uma das poucas certezas é que o socorro de 700 bi proposto pelo governo americano funcionará apenas como um anestésico, incapaz de devolver a necessária confiança - e, com ela, a liquidez - ao sistema de crédito.
No entanto, independente do tamanho do buraco e da operação de salvamento, já é possível dizer que, passada a tempestade, entraremos em uma nova etapa do capitalismo contemporâneo. Muito provavelmente os EUA emergirão da crise com menor peso específico, com o dólar dividindo o papel de moeda internacional junto com outras divisas de influência regional. Ocorre que, à medida em que o governo dos EUA injeta seus bilhões salvadores no mercado financeiro, embolsando títulos podres em grande quantidade, estará monetizando (transformando em moeda) valores que antes da crise existiam apenas virtualmente (como capital fictício) e que não tinham correspondência na economia real. Com isso, ao mesmo tempo em que sanciona as aventuras irresponsáveis de especuladores do passado (inoculando o sistema com o chamado risco moral) o governo dos EUA estará agravando a desvalorização do dólar perante as demais moedas fortes.
Em outros momentos da história ocorreram situações parecidas, mas seja através de uma guerra mundial (anos 30), seja através de tática terrorista (juros americanos a 18% em 1979), os EUA conseguiram dar a volta por cima e permanecer como economia hegemônica.
Agora, o quadro geo-político é bastante distinto e parece que as alternativas experimentadas anteriormente não estão acessíveis. Uma vez cessada a deflação de ativos que traz pânico aos rentistas do mundo todo, é razoável imaginar que passaremos a um mundo multipolar, com algumas poucas moedas servindo às trocas internacionais ou, quem sabe, com uma moeda verdadeiramente internacional, gerida por uma organização multilateral. Era esse o sonho de Keynes quando assistiu ao cataclisma de 1929.

Um comentário:

  1. nada a ver o texto,queria mesmo era saber o que é cataclisma!
    mas aki naum entedi nada!

    ResponderExcluir

Caro leitor, se você não está conseguindo incluir seu comentário, tente fazê-lo assinando com a opção "anônimo".