26.6.09

um + trezentos

Talvez alguns dos que por aqui vagueiam tenham notado que, aos bocados, venho reciclando a lista de blogs que compartilho na chamada Redondeza, ali ao lado ==>.

Acontece que, enquanto blogueiros cansados abandonam a brincadeira, muita gente boa tem surgido nestes rincões virtuais; muito mais do que somos capazes de acompanhar.

Pois hoje trago a baila mais dois.

Comecemos pelo "Trezentos".
Trata-se de um blog coletivo, que reúne trezentos..., trocentos sujeitos "inclassificáveis", de sangue nervoso, que militam pelo software livre, pelos copylefts, pelo uso e reuso da internet como forma de compartilhar projetos e conteúdos, de fomentar experiências colaborativas e de arreganhar recantos e recatos.

Proprietários do mundo intelectual, temei-os!

Um outro blog que recomendo é o "Pensamento Divergente". Caso distinto do anterior: é assinado por apenas um único e particular sujeito, o jornalista Ruy Fernando Barboza.
Mas, como o anterior, é também espaço onde se compartilha da boa verve, onde se cuida de espantar o senso comum e a inteligência graça.

Devo dizer que nesse caso, não são apenas as qualidades do blog que me faz divulgá-lo. Também tenho uma dívida antiga com o Ruy Barboza - velho amigo de meu pai.

Explico-me.

O Ruy é um desses sujeitos que encarnam a simpatia na terra. Tem um sorriso farto, bonachão, um tipo desses meio Chico Buarque, que, como ele mesmo diz, não cabe botar defeito.

Até aí, nada de novo. Estes tipos existem mesmo, nos ajudam até a exercitar nossa modéstia, a decifrar nossa pequenez, a enfiar a viola no saco e, se bom senso houver, manter nossas mulheres a uma distância segura.

O que de fato me chamou atenção na história do Ruy Barboza foi a sua decisão de, a uma certa altura da vida, deixar de ser simpático. Cortou a barba, trocou de profissão e pendurou o sorriso.

Ele não faz a menor idéia, mas aquilo constituiu um marco na construção da minha passagem para a vida adulta. Em plena adolescência, eu, que me degladiava com uma timidez inata, um sorriso - quando muito - amarelo, uma barba esquálida, me senti aliviado pela sabedoria do ex-simpático Ruy.

Era isso! Quem disse que devo ser simpático? Por que pautar a vida por este jogo narcísico? Por que entregar aos outros a chave da minha existência?

Enfim, embora sequer tivesse ido com o milho, me regozijei logo com a pamonha. Tomando emprestado o álibi do Ruy - que naquele tempo me soava revolucionário e libertário - abdiquei do sorriso, das fanfarronices sociais, das concessões desnecessárias e resolvi ser seco, direto e sem sal.

Obviamente, quebrei a cara - quanto mais por que soube que o Ruy Barbosa voltou à sua natureza simpática, deixou os devaneios de lado e hoje sorri bonachão, inclusive pela internet.

PS: como aperitivo, um microconto excepcional do sujeito:

INTERESSES
Acorrentado prometeu, implorou por ajuda.
Abutre:
- Corrente dura, fígado macio.

Um comentário:

  1. Grande e querido Marcelo, como te agradecer tão gostosa e comovente homenagem? Ora se me lembro de você, muito mais do que você imagina, meu querido. Lembro de você, belo menininho, na casa da avenida Pompéia, tão faminto que mamava no queixo da Rosa enquanto o seio não chegava. Pois agora mamarei do teu talento no teu blog, enquanto não nos encontramos para papos amigos - te procuro quando for a sampa,talvez ainda este mês, OK? grande abraço e não desista...

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