3.6.11

sobram razões para a saída de palocci

No início de 2004, quando Lula completava seu primeiro ano de governo, escrevi para o Correio da revista Caros Amigos um artigo que apontava para a excessiva e inaceitável ortodoxia econômica capitaneada pelo então todo poderoso Ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Brinquei que caminhávamos para uma situação inusitada - que chamei de o Péssimo de Pareto - na qual nada mais podia piorar sem que alguém fosse beneficiado (ou seja, o Ministro havia maximizado as possibilidades de piora, algo que nem o mais tarado economista ousara pensar).

Pois não é que o renitente Palocci continua encravado no seio dos mandatos petistas, como uma cunha  a garantir os interesses do rentismo e do mercadismo nas instâncias decisórias do país. Se resta algo de ideologia de esquerda na coalizão governista, Palocci deveria ser sacado do governo de imediato, não apenas pelos desvios de sua estratégia de alavancagem pecuniária, mas principalmente pelas inúmeras demonstrações de conservadorismo econômico, que tanto prejudicam e sabotam a rara oportunidade de um governo que navega entre o desenvolvimentismo e o progresso social.

Aos que duvidam ou não se recordam das ações de Palocci na defesa dos interesses rentistas, segue uma lista das mais notáveis:

1. Lutou politicamente para ampliar e tornar definitiva a DRU (Desvinculação das Receitas da União), com o que pretendia ter a liberdade para utilizar os recursos da Seguridade Social para pagamento de despesas financeiras (juros)

2. Foi um militante convicto da autonomia do Banco Central, tese que alimenta o sonho liberal e que em última instância significa transferir o coração da política econômica a uma instituição apartada da política, sobre a qual, portanto, a sociedade não tem qualquer ascendência.

3. Lutou para criar uma lei que obrigasse o governo a alcançar um déficit nominal próximo de zero, ou seja, seria sempre necessário garantir um superávit primário (saldo fiscal antes das despesas financeiras) suficientemente elevado para arcar com os encargos financeiros da dívida pública.

4. Enquanto esteve no governo Lula, conduziu os bancos públicos tal qual bancos privados, abrindo mão do enorme potencial de indução que têm sobre os setores produtivos e de um importante instrumento de regulação indireta dos seus concorrentes no mercado bancário.

Por outro lado, sua saída do governo Lula, creditada ao episódio do extrato do caseiro, alterou sensivelmente a condução macroeconômicas, produzindo resultados bastante positivos para o país: queda da taxa selic; redução do superávit primário; elevação do patamar de crescimento do PIB; aumento das reservas internacionais; redução das taxas de desemprego; crescimento da participação dos bancos públicos no mercado bancário; queda da TJLP para até 4,5% a.a.; duplicação das operações de crédito do BNDES; retomada dos investimentos em infraestrutura (PAC I e II); entre outras mais.

Enfim, o matreiro ex-prefeito de Ribeirão Preto arrasta consigo um caminhão de motivos que justificam o seu expurgo. A seu favor, vende a idéia de que é ele quem faz a ponte com a mão invisível do mercado, um poder que ninguém vê e nem sabe o quanto é forte, mas que segundo seus amigos é fundamental para garantir a governabilidade. 

Às favas! Pura conversa. O vigor de Lula no pós-mensalão (sem o Palocci) e a vitória de Dilma num ambiente de absoluta hostilidade financiada pelos mercadistas parece demonstrar que essa gente não manda tanto quanto costumam alardear seus porta-vozes.

Já vai tarde.

Um comentário:

  1. Anônimo4/6/11 10:17

    Que já tarda em não ir, mas vai um vem outro. Esse é o jeito PT de governar - roubando. O meu vizinho aqui de casa carrega malas de dinheiro VIVO toda vez que o PT está no comando da cidade. Não nos esqueçamos da famiglia ERENICE, Jesuino e de tantas outras.

    Crispiniano

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