25.6.11

a moratória que revigora

Enquanto o clima de tensão pré-colapso se espraia entre os europeus, a prestigiosa e conservadora revista The Economist publicou dias atrás em seu site uma nota acabrunhada sobre um estudo no qual são analisados vários casos de moratória de dívidas soberanas (os ditos defaults). Comparando diferentes experiências desde 1999, o tal estudo aponta que, ao contrario do que costumam vaticinar os 'analista do mercado', o desempenho econômico dos países que declararam moratória melhora sensivelmente no período pós-calote.


De fato, como se observa no gráfico acima, com exceção de economias cronicamente inviáveis (Belize, Camarões ou Granada), em todas as demais as taxas de crescimento do PIB pós-calote  (em azul escuro) dão um salto quando comparadas às taxas pré-calote (em azul claro).

Veja-se, por exemplo, como melhorou a vida de nossos vizinhos uruguaios: nos anos que antecederam ao default, amargavam uma recessão que se aproximava de -3% do PIB; declarada a moratória, o PIB só faz crescer, a uma taxa quase chinesa, que hoje já é superior a 8% ao ano.

Mas os números divulgados pela The Economist não revelam apenas esse caráter virtuoso das moratórias. Deixam claro também que são justamente as baixas taxas de crescimento do PIB que muitas vezes levam os países à situação de insolvência. Dessa perspectiva, a decisão de não pagar é o último ato de uma tragédia anunciada e representa apenas o momento de acerto de contas com o passado. Baixado o pano, o país estará livre para a retomada do crescimento em uma nova base, com menor endividamento e menores riscos.

Curiosamente, não li nem ouvi nossos mídia-ligeiras tocarem no assunto.
Pois, market-friendly que são, deveriam estar mais atentos ao jogo.Tais números apenas atestam o que há muito sabemos: trata-se de capitalismo em estado bruto - capital en su tinta! Moral à parte, uma vez declarado o default, a nação ex-caloteira é rapidamente perdoada e abre-se terra virgem a novas rodadas de acumulação capitalista. O apetite dos homens se encarrega do resto.

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