30.3.10

gente alugando cabeça de gente


Lockerz!

De locação? de loucura? Sabe-se lá! Trata-se de uma insidiosa estratégia comercial que vem se espalhando como braquiária nos pastos da internet. A idéia é simples: os associados do site são convidados a participar de diferentes atividades on-line (assistir pequenos vídeos indeléveis, responder questionários insípidos, clicar aqui e ali, convidar um amigo, etc....) e a cada tanto de participação vão ganhando um "x" de bônus que poderão ser trocados por inúmeros brindes - alguns muito bons - que são oferecidos de graça àqueles que atingirem as metas. Ninguém paga nada, ninguém põe a mão no bolso e findas as tarefas se tem a recompensa.

Ora! Os capciosos idealizadores do  LOCKERZ  se deram conta de que, se conseguissem "alugar" algumas milhares de mentes de internautas mundo afora, teriam nas mãos um produto capaz de atrair caminhões de dólares de anunciantes que buscam ávidos os sites com grande número de acessos e e longos períodos de permanência. Ou seja: arrebanhada a garatoda, que religiosamente frequenta o LOCKERZ para cumprir a tarefa diária, é distribuir um bocado de brindes e faturar milhões.

Parafraseando o velho, nestes tempos de capitalismo virtual parece que 'tudo que é etéreo se materializa no caixa'.

25.3.10

boa entrevista do waldir quadros


Reproduzo abaixo a entrevista concedida pelo economista e Professor da Unicamp Waldir Quadros à revista do Instituto Humanitas Unisinos. 


Conciso, Waldir toca nos pontos cruciais que deveriam compor a agenda política do país nos próximos anos.



IHU On-Line - Como avançar num novo patamar econômico e social, tendo em perspectiva o atual cenário econômico, de centralização do capital?

Waldir Quadros - O crescimento da economia brasileira no período 2004-2008 pode fornecer importantes indicações a este respeito. Em primeiro lugar, ao evidenciar os efeitos benéficos do dinamismo econômico sobre a estrutura social. Até 2003, parecia que a sociedade brasileira estava, de certa forma, resignada com taxas medíocres de crescimento. Agora, não mais. Este ciclo de taxas mais expressivas teve um importante efeito pedagógico e, sem dúvida, esta temática está na ordem do dia das análises econômicas e das perspectivas políticas. Em segundo lugar, ao também deixar suficientemente claro que os efeitos sociais positivos do crescimento são bastante potencializados com a adoção de medidas redistributivas. É o que se notou com os simultâneos reajustes reais do salário mínimo e a ampliação dos programas de transferência de renda aos miseráveis.

Com certeza, estas questões assumirão papel relevante nas eleições presidenciais deste ano. Entretanto, em nosso entendimento, também ficou claro os limites estruturais deste dinamismo social, o que nem sempre tem merecido a devida atenção. De fato, verifica-se uma importante mobilidade social nos estratos inferiores da população, notadamente entre os miseráveis e a massa trabalhadora pobre. Porém, esta ascensão mais vigorosa chega apenas até a baixa classe média remediada. Para quem já se encontrava nesta camada, e legitimamente aspira melhorar de situação, as possibilidades foram bem mais restritas, pois, na classe média, as novas oportunidades são bastante reduzidas, e, na alta, predomina a estagnação.

Acreditamos que estas limitações, em grande medida, recorrem das condições macroeconômicas desfavoráveis ao desenvolvimento industrial e tecnológico e seus rebatimentos nos serviços produtivos. Em poucas palavras, este ciclo recente de crescimento teria ocorrido de forma um tanto “espontânea”, num primeiro momento, aproveitando os estímulos favoráveis da economia mundial em relação às exportações de produtos primários. Em seguida, pela reativação do consumo interno propiciado pela elevação nos rendimentos e, sobretudo, pela explosão do crédito a taxas de juros exorbitantes. Mas, sem alterar a estrutura produtiva bastante dilapidada por tantos anos de neoliberalismo.

Ou seja, crescemos apesar da nossa política econômica estagnacionista, particularmente no que se refere ao câmbio que beneficia as importações, e aos juros que punem o investimento produtivo. O que se completa com os fortes atrativos da valorização financeira desenfreada.
Nestas condições, as empresas praticam intensa rotatividade e rebaixam continuamente os salários. Aumentam as exigências de qualificação e engajamento e reduzem os salários. Este procedimento se generaliza no meio empresarial. As empresas em dificuldades diante das condições adversas adotam esta prática por razões defensivas, e as que estão em melhores condições também o fazem para gerar excedentes e aplicá-los na órbita financeira.
IHU On-Line - O senhor diz que o país precisa de uma política de industrialização, que o permita crescer com mobilidade social mais expressiva. As investidas do governo em criar empresas nacionais fortes sinalizam algo nesse sentido, ou pelo contrário, isso retrai o desenvolvimento social?

Waldir Quadros - Sem dúvida, este é um passo decisivo e bastante oportuno. Para avançarmos na industrialização, é necessário que contemos com grupos nacionais de projeção internacional e capazes de realizar maciços investimentos, promovendo o contínuo desenvolvimento tecnológico.
Entretanto, existem outras lacunas igualmente fundamentais que não estão sendo cuidadas. Refiro-me às sérias perdas nas cadeias produtivas provocadas pelas já referidas condições macroeconômicas adversas. De fato, desde a abertura comercial sem critério e o predomínio do câmbio e juros desindustrializantes, inúmeras empresas fecharam as portas e se transformaram em distribuidoras de produtos importados ou se transferiram para outros países.

E esta atrofia da indústria se irradia de maneira extremamente negativa aos serviços de apoio à produção, sendo que ambos geram empregos, em geral, melhor remunerados que o comércio e os serviços pessoais.
IHU On-Line - É possível vislumbrar uma evolução da estrutura social numa fase em que a base econômica é fomentada por instituições nacionais portadoras de muito capital e competitivas no cenário internacional?

Waldir Quadros - Imagino que sim, e basta olhar para a nossa própria experiência histórica. De fato, de 1930 a 1980 - e notadamente desde o pós 2ª Guerra -, o Brasil cresceu a taxas muito expressivas a partir do esforço de industrialização pesada comandada pelo Estado. E a mobilidade social foi extremamente dinâmica, gerando uma respeitável classe media urbana e um operariado moderno, em que pesem o aumento da desigualdade social e da concentração de renda.

As potencialidades que o Brasil detém na atualidade nos capacita a retomar este caminho em direção aos resultados da terceira revolução industrial, agora o complementando com medidas redistributivas efetivas que alcancem a reconstrução dos serviços públicos sociais bastante degradados.

Nestas condições de desenvolvimento industrial e dos serviços produtivos e de avanço nos serviços públicos sociais, com certeza assistiremos à ampliação da média e alta classe média, abrindo caminho para a ascensão social mais efetiva das camadas inferiores e para a melhoria das condições de vida do conjunto da população.
IHU On-Line - O senhor defende a ideia de que, sem o crescimento da economia, não é possível promover avanços sociais significativos. No que se refere aos investimentos do PAC, por exemplo, percebe-se uma dualidade? O crescimento da economia, sem levar em conta questões ambientais e habitacionais, gera ainda mais desigualdades e vulnerabilidade?
Waldir Quadros - Corretamente, o PAC procura superar os graves estrangulamentos da infraestrutura nacional. Em boa medida, suas limitações decorrem, fundamentalmente, do desaparelhamento do Estado, que foi profundamente desarticulado desde o Governo Collor e só recentemente começou a ser recomposto. Mas, sem dúvida, ainda se faz necessária uma ampla reforma administrativa que assegure a competência e eficiência estatal em níveis comparáveis aos países desenvolvidos.

A própria área ambiental se ressente deste desaparelhamento. De um modo geral, sem recursos suficientes para avaliar adequadamente os impactos e, sobretudo, de monitorá-los em tempo real com poder para interferir com agilidade e efetividade, a tendência é de não aprovar os projetos. Ou seja, apenas prevalece a prudência ambiental, deixando o desenvolvimento sustentável em segundo plano. E esta cultura acaba por impregnar profundamente amplos setores do ministério público.

Agora, é crucial perceber que temos as melhores condições para crescermos em harmonia com o meio ambiente, desde que contemos com adequadas condições de planejamento e execução para efetivar nossas potencialidades, aprimorando nossa tradição de comando e controle pelo estado e incorporando a mais ampla participação da sociedade.

Por fim, não devemos focar nossas atenções apenas na preservação dos recursos naturais “selvagens”, descuidando da realidade urbana. Neste âmbito, entre tantas urgências, é crucial que nos livremos rapidamente do pernicioso predomínio dos automóveis no transporte de massa, que já tornou impraticável a vida civilizada nas cidades brasileiras. E não apenas nas metrópoles.
IHU On-Line - Que conjuntura econômica o senhor vislumbra para 2010? De que maneira ela irá refletir na estrutura social do país?

Waldir Quadros - Formou-se um relativo consenso entre os analistas de que, não ocorrendo algum abalo mais sério na economia mundial, nosso desempenho em 2010 será comparável ao vigente no período anterior à crise de fins de 2008.

Assim sendo, é de se esperar que os retrocessos sociais porventura ocorridos em 2009 (e que só poderão ser mensurados com a divulgação da PNAD de 2009, por volta de outubro) sejam superados ao longo de 2010.

Entretanto, implicações mais profundas e duradouras podem advir da próxima eleição presidencial. Caso ela resulte na escolha de um(a) estadista que encaminhe a economia nacional nos rumos do desenvolvimento esboçados nas perguntas anteriores, poderemos construir uma sociedade próspera, mais justa, menos desigual e ambientalmente sustentável num prazo não muito longo.

Não é sempre que uma sociedade se defronta com tais possibilidades históricas.

18.3.10

um infortúnio, um merchandise

Por problemas mecânicos - do carro - não pude participar do Seminário dos professores da Facamp desta quarta. É uma grande pena, pois o Prof. Belluzzo daria continuidade ao debate sobre "O Capital".

Por outro lado, em meu degredo, tive a fortuna de desfrutar do valor de uso de uma singela mercadoria que este mundo do capital é capaz de ofertar.

Seguindo o conselho de um amigo, comprei um barril de Heineken, de 5 litros, que me fez desarmar o espírito, até então amargurado pelo dia torto. E aconselho fortemente que experimentem a citada mercadoria, com fetiche e tudo.

Costumam dizer que, apesar dos pesares, o capitalismo, em sua frenética destruição criativa, nos presenteia com avanços e inovações que em muito melhoram nossa estada na terra. Citam sempre os casos de progressos da medicina ou da odontologia, das agruras que escapamos com a descoberta da penicilina ou das enormes possibilidades de conhecimento proporcionadas por tecnologias como a internet, etc.., etc... etc.... É verdade, é certo que tudo isso é de grande relevância, mas é também irrefutável que o barrilzinho da Heineken, alojado na geladeira de casa, é um esplendoroso produto deste capitalismo que nos arrodeia.

Meus caros, diria mesmo que chegaram ao "ótimo de Pareto" do mundo da cerveja - se mexer, alguém sairá perdendo.

O barril, após 10 horas de repouso entre as verduras, o leite e a manteiga, funciona como um relógio suiço, sem fazer feio ante as melhores choppeiras de bar.

Simples: com o puxar de um disco verde, dá-se vazão ao chopp da Heineken, saboroso - a meu ver, bem melhor que a própria cerveja da marca - sem qualquer conservante, aditivo ou coisa que o valha.

Perfeito! Não a ponto de abonar a besta fera, mas mais do que suficiente para deitar as traças do cotidiano.

14.3.10

varado o cabo das tormentas

Ainda é cedo pra falar de IIIª Academia, mas o Palmeiras parece que começou a se encontrar nas duas últimas rodadas, com duas viradas com sabor de veneno.
Na segunda-feira passada, diante do lanterna Sertãozinho e uma torcida raivosa, arrancou do fígado o resultado de 3x2, com dois gols depois dos 40 do segundo tempo. Hoje, contra o santos, na base da raça e de um entrosamento que começa a aparecer, o time fez bonito, virando sobre a molecada santista. A comemoração ao final do jogo foi emblemática. Os jogadores, numa espécie de catarse coletiva, batiam no peito, como que dizendo - tá pensando o quê?

Enfim, suspeito que a vida do Antônio Carlos vai melhorar daqui pra frente. Com a chegada dos últimos reforços, o time tem tudo pra "ir pras cabeças". O Vitor, contratado junto ao Goias, é um baita lateral. E o Lincoln, que hoje jogou no segundo tempo, ainda tá pegando ritmo de jogo (ficou 9 meses parado), mas me parece que será de grande valia para compor um meio de campo bastante técnico. Seu futebol me lembra o do velho Arturzinho, do Flu. É o tipo de jogador que faz bem a uma academia em gestação.

Oxalá!

10.3.10

foi dada a largada


Sob a batuta do Professor Belluzzo, retomamos na tarde de hoje os Seminários dos professores da Facamp.

Embora tenha que admitir que, como presidente do glorioso alviverde de Parque Antártica, o Belluzzo ainda esteja nos devendo a IIIª Academia, como professor acredito ser um dos mais acurados e singulares pensadores sociais de nossa época - em especial no que tange às originais leituras de Marx e Keynes.

Pois, hoje iniciamos com Marx, mais precisamente com "O Capital".

Desde logo, o Belluzzo deixa claro que a seu olhar "O Capital" deve ser entendido como uma interpretação genética do regime capitalista e não como uma análise histórica. Ou seja, as idas e vindas de Marx, do abstrato ao concreto, não servem a uma interpretação das etapas constitutivas do sistema capitalista, mas, precisamente, são uma tentativa de contrapor análises sistêmicas a particulares, de um conjunto complexo, com múltiplas determinações e pré-condições que, entretanto, não existe a não ser como totalidade.

Feito este preâmbulo - fundamental - Belluzzo vai ao cerne, deixando claro que para Marx o Capital é o sujeito por excelência do sistema e, portanto, o objeto central de sua investigação.

Isto posto, propôs-se a investigar os temas do Dinheiro e da Mercadoria.
1º) É o Dinheiro que dá sentido de unidade ao regime do capital, ademais caótico e contraditório. Não se trata, pois, de considerar o dinheiro como uma mercadoria especial, mas sim como a peça central sem a qual não é possível a generalização da produção de mercadorias intercambiáveis. Ou seja, sem o dinheiro, não há sistema capaz de intercambiar os valores de uso em volume e escala suficiente para fazer avançar a divisão social do trabalho - note: sem divisão social do trabalho, também é difícil conceber o dinheiro, tal qual existe no capitalismo; eis um exemplo da impossibilidade de se pensar a obra de Marx como uma reconstrução histórica.

Além disso, o dinheiro, no capitalismo, é fundamentalmente uma medida de valor, sem substância própria, sem materialidade, representante geral da riqueza abstrata, "um signo de sí mesmo", cujas outras funções (de meio de troca e meio de pagamentos) são derivadas da primeira, não poderiam existir sem a função de medida de valor.

Daí decorre que não é possível enxergar em Marx qualquer concepção quantitativista (teoria, tão cara ao mainstream econômico, segundo a qual o dinheiro é neutro e apenas existe para azeitar um sistema mercantil de produção de valores de uso) - eu arriscaria dizer: o dinheiro não é azeite nem amalgama, mas o catalizador do regime do capital, cuja finalidade não é a produção de mercadorias (como querem os quantitativistas), mas tão somente a acumulação de riqueza.

2º) Na chamada órbita da reprodução simples, que habita o imaginário daqueles ortodoxos, o fluxo M-D-M não aceita a idéia de entesouramento, isto é: não é funcional nem racional imaginar que algum agente econômico resolva interromper o fluxo, refugiando-se na posse do dinheiro.

Já na reprodução ampliada, quando o fluxo pode ser expresso como D-M-D', o entesouramento não só é possível e racional, como é o fim do processo. E isso traz implicações profundas à dinâmica capitalista: instaura a possibilidade de crises recorrentes no sistema, sempre que, por algum motivo incerto, o entesouramento (ou a baixa propensão ao endividamento) fizer retrair a demanda agregada [e este é precisamente um dos raros e mal compreendidos elos entre Marx e Keynes].

Fico por aqui. Semana que vem voltamos ao tema.

PS: A foto acima foi inevitável. Recebi-a justo hoje de minha amiga e companheira de trabalho, Beth Rossin, que esteve visitando o túmulo do Velho.

a retalização e o canto dos safados


Curiosa a reação da mídia e de um tanto de oportunistas ante a decisão do governo de retalhar os EUA por conta dos subsídios ao algodão que se planta por lá.

Nas manchetes de jornais, no falatório das rádios que tocam notícias ou nas matérias na televisão, o que foi explorado foi o possível aumento de preços decorrente da anunciada elevação da tarifa de importação de alguns produtos norte-americanos.

- O pão vai subir! Os equipamentos eletrônicos vão disparar! Um repique inflacionário poderá ocorrer! Logo, os juros devem aumentar.

Que palhaçada! Que argumentação vagabunda!

Vejamos o caso do trigo. O Brasil hoje já produz 60% do trigo consumido no país e do 40% importado, apenas uma pequena parte vem dos EUA (5%). Além disso, com a nova tarifa, o que deverá ocorrer é a substituição do trigo dos EUA pelo trigo de outra paragem, como por exemplo, do Canada. Resultado: o impacto sobre o preço do pãozinho é ZERO! O único efeito esperado do aumento tarifário recaíra sobre os produtores dos EUA que deixarão de vender ao Brasil.

O mesmo raciocínio se aplica a quase todos os outros produtos listados pelo governo brasileiro, sujeitos à elevação de tarifas.

Mas, o que mais impressiona no tom azedo da imprensa sobre esse assunto é o nítido desconforto provocado em suas almas cosmopolitas por qualquer ação que confronte os interesses norte-americanos.

Êta mundinho rastaquera.

(imagem: Filipa Sottomayor)

9.3.10

o mérito é todo dela

Fiquei devendo o crédito da foto abaixo: foi tirada pela Mônica Evangelista Santos, no carnaval de 2007, da sacada de seu apartamento na praça da Piedade em Salvador.

Parabéns Mônica.

Nota curiosa: o bloco que aparece na foto em tons de coalhada, separado do povo pelo cordão policial, se chama Camaleão.
Ironia, né não?

7.3.10

a folia pálida do cordão de isolamento


Que cena vexatória do carnaval de Salvador. Rico-branco do lado de dentro, Preto-pobre do lado de fora.

2.3.10

guerra de paquímetro no escuro











No bojo da polarização crescente entre Dilma e Serra, causou alvoroço a recente análise do economista chefe do Santander, Alexandre Schwartsman, afirmando que as estruturas de gastos dos governos federal e paulista eram similares - no que tange à evolução das despesas correntes vis-a-vis os investimentos.

Bate daqui, grita dali, o ilustre economista do banco que detém a folha de parte do funcionalismo paulista veio hoje a público esclarecer que se equivocara. Desavisado, incidiu em dupla contagem quando lançou as despesas previdenciárias, além de usar métodos distintos para calcular os PIB's da União e do Estado.

Feita a mea culpa, resta então a dúvida: quem afinal cuspiu mais longe entre os anos de 2006 e 2009?

Vejamos os números corrigidos, revisitados por todas as partes envolvidas no imbróglio, referentes à participação dos investimentos em relação aos respectivos PIB's:

ESP: 2006 = 0,79% -> 2009 = 1,35% (variação positiva de 0,56%)
União: 2006 = 1,95% -> 2009 = 2,52% (variação positiva de 0,57%)

Ou seja, noves fora, os dois praticamente empataram no quesito "aumento" da taxa de investimento.

Note-se, porém, que, no ano de 2009, a taxas de investimento do governo federal é 86% mais alta (2,52 x 1,35) que a do governo estadual, o que significa dizer que o governo federal investe 1,17% do PIB a mais do que o governo do Estado de São Paulo.

Ora! Onde estará então a diferença relevante, tão enaltecida pela Fazenda paulista?

Nas chamadas despesas correntes!

Enquanto sob na gestão Serra as despesas correntes mantiveram-se estáveis, o governo Lula fez saltar este tipo de gasto de 10,1% a 11,6% do PIB (aumento de 1,5% em quatro anos de governo), recompondo perdas salariais, substituindo empregados terceirizados e ampliando - ainda que timidamente - a oferta de serviços públicos.

Quem deverá então ficar com a taça? O "fiscalista" tucano ou o "populista" Lula?

(veja matéria sobre o assunto no Portal do Nassif)

Obs: Os dados de investimento consideram inclusive as inversões financeiras.