10.12.08

diretas já! para diretor de redação


Quem sabe não poderíamos aproveitar este clima de crise, em que ninguém é de ninguém, e mexermos logo onde interessa. Deixemos o setor financeiro como está, fiquem os automóveis a tomar sereno nos pátios e vamos fazer soprar o bafo deste Leviatã que desperta sobre os clãs da grande imprensa e seu exército de mídias-ligeira.
Tenho certeza que para o bem deste país virtuoso, cuja fortuna bate sempre na trave, é muito mais importante estancar a insana cruzada conservadora/rentista/cosmopolita praticada cotidianamente por jornalões, revistinhas, TVs e rádios que tocam notícias.

Pois vejamos o que anda fazendo a Folha de São Paulo. Após invocar Netuno e prosear com Mefistófoles, o famoso jornal paulista amanheceu o dia estampando como manchete principal de seu caderno Dinheiro a catastrófica frase: "Crise interrompe crescimento virtuoso".
Frase de absoluta inconsequência e cinismo, visto que a matéria tratava do maior crescimento trimestral do PIB desde 1986 (Plano Cruzado) e de inédita participação dos investimentos (de 20% do PIB). Ou seja, não só crescemos, como crescemos da melhor maneira possível: puxados por taxas elevadas de investimento.

Mas, nas palavras da FSP:
"O melhor já ficou para trás. É isso o que os números do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre de 2008 sugeriram ontem ao apontar um crescimento de 1,8% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 6,8% sobre igual período do ano passado."


Os números não sugeriram isso!

Foram os melhores resultados de 2008. E os mais virtuosos, apoiados numa taxa recorde de investimentos (alta de 19,7%, a maior da série) e no consumo das famílias (7,3%, apoiada no aumento de 10,6% na massa salarial). Daqui para a frente, porém, a direção deve ser a inversa, de desaceleração."

Como é obvio, os números só trazem informações positivas e não há neles qualquer indicador de que agora a festa vá acabar.

Sabemos todos que o quarto trimestre deverá apresentar números bem menos vigorosos, mas não há como fazer tal afirmação a partir dos dados apresentados pelo IBGE e sobre os quais pretendia tratar a matéria.

Fica patente a má vontade. E é ainda mais grave porque, além do ineditismo dos números do IBGE, eles ocorrem em um momento em que, entre as 20 maiores economias do mundo, a brasileira foi a única que conseguiu superar no terceiro trimestre de 2008 a taxa de crescimento do segundo trimestre. Todas as demais sentiram a crise internacional já neste período que vai de julho a setembro, apresentando tendências de desaceleração.
Mas para a Folha, este fato não merece manchete, e aparece em letras menores, nas páginas internas do caderno Dinheiro. Mais importante foi estampar um palpite de que a crise nos pegou no auge!

Pois então, se é crise que tanto querem, que venha dela os argumentos para completarmos o nosso processo de democratização: Diretas Já! (Para diretor de redação)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, se você não está conseguindo incluir seu comentário, tente fazê-lo assinando com a opção "anônimo".