18.8.12

Porque Pochmann é favorito em Campinas

Há grande ansiedade entre aqueles que vivem mais antenados ao mundo político quanto à atual letargia do processo eleitoral. Faltando 50 dias para o primeiro turno, as cidades parecem ainda não ter despertado para a disputa. Fora um ou outro cavalete mal ajambrado nas ruas ou um carro de som estridente, a eleição teima em não pegar.

Em Campinas, onde acompanho mais de perto, a situação não parece diferente. À parte meia dúzia de celerados que esgrimam a retórica na internet e nos botecos, aqui também a indiferença e incerteza é que dão o tom.

Contudo, como bem analisa o cientista político Antônio Lavareda (veja matéria do Valor aqui), o cenário deve mudar radicalmente com o Horário Eleitoral Gratuito, que começa neste dia 21 de agosto. Analisando eleições municipais de anos anteriores, Lavareda ressalta o fato de que, ao contrário do que ocorre nas eleições para governador ou para presidente, nas eleições municipais a propaganda de TV tem um impacto muito maior, chagando a entregar 9 pontos por semana para candidatos iniciantes que disputaram as eleições de 2008. Por ser realizada "solteira" (diferente das outras), a eleição para prefeito reserva um tempo de TV e rádio muito mais extenso aos candidatos e um número muito superior de inserções diárias (os tais "spots"),  produzindo frequentemente reviravoltas inesperadas num curto espaço de tempo. Além disso, eu acrescentaria que, diferentemente do que acontece na disputa para governador ou presidente, na eleição para prefeito as surpresas são maiores também porque, com frequência, o pleito é disputado por candidatos que partem de condições muito desiguais. É principalmente nas cidades que os novatos iniciam sua trajetória política e, portanto, os candidatos que carregam "recall" de eleições anteriores, ao mesmo tempo em que partem de uma situação aparentemente confortável (são os únicos que são conhecidos dos eleitores), ficam expostos ao "efeito novidade", sem ter tempo suficiente para esgrimar com o adversário em ascensão.

Pois, em Campinas vivemos exatamente uma situação como essa. De um lado, dois candidatos tradicionais, vinculados a grupos políticos que parasitam a política local há décadas e, de outro, o candidato do PT, Márcio Pochmann, ainda desconhecido da grande maioria da população, mas que tem uma trajetória claramente diferente de seus principais concorrentes, com uma biografia notável, com passagens relevantes no mundo acadêmico e na gestão federal.

Mas, será que tudo isso basta para considerar a candidatura do Márcio como favorita?

Eu diria que sim, se levarmos em conta um outro importante aspecto que caracteriza o atual pleito em Campinas. Por conta de décadas de gestões marcadas por crises e turbulências, o cidadão campineiro, mais do que em outras cidades do país, manifesta um claro desejo de mudança na política local e, mais do que nunca, pretende votar em alguém que seja capaz de trazer sangue novo à esfera municipal e compromisso com a coisa pública. E, conforme apontam os oráculos das "qualis" (pesquisas qualitativas que são feitas com diferentes grupos sociais para avaliar um candidato ou uma situação), o eleitor campineiro deseja votar na eleição do dia sete de outubro em alguém que tenha exatamente o perfil do candidato do PT. A questão é que, até o presente momento, o eleitor não o conhece e, portanto, não teve a oportunidade de vincular as qualidades que espera de um candidato à pessoa Márcio Pochmann.

A partir desta semana, porém, esse vínculo começará a se estabelecer e, tenho certeza, será a fagulha necessária para alçar a candidatura Márcio Pochmann à vitória.

8 comentários:

  1. Marcelo Fernandes.19/8/12 00:07

    Certamente chegaremos ao segundo - turno com o bilhete premiado da vitória.Parabéns pelo artigo/

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  2. Assim espero, pois Campinas merece .

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  3. Estou realmente torcendo e me movimentando para tornar o nome do Márcio conhecido por parte da população. Temos 50 dias para mostrar propostas e uma biografia que fará a diferença para o desenvolvimento de Campinas. Uma tarefa nada trivial. Mas ânimo esta militância tem.

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  4. Manzano, concordo plenamente.
    Acho que o Márcio vai ao segundo turno (como 2o. colocado) e vence!

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  5. Infelizmente fica difícil isentar o PT da ter participado na atual gestão e na gestão anterior da cidade de Campinas e falar do Pochmann como "novidade" ou "salvador da pátria" é uma irresponsabilidade eleitoral.

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  6. Caro Anônimo, discordo de tua posição. Primeiro porque, embora o PT tenha participado da última gestão, não há nada que desabone as secretarias que estiveram com o PT, muito pelo contrário. As secretarias do PT foram bastante positivas para a cidade, como no caso dos transportes (Bilhete Único, Nova Rodoviária, Ciclovias), no CEASA (merenda escolar premiada como modelo para o Brasil)e Trabalho e Renda, que, embora de menor relevância, avançou nos programas de qualificação de mão-de-obra.
    E, me desculpe o companheiro anônimo, mas ninguém disse que o Márcio será o "salvador da pátria". Ele apenas é uma pessoa que, por sua biografia, tem todas as condições de renovar a forma com que se tem feito política na cidade.

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  7. Até mesmo Alckmin está esperando p/ ver quem vai p/ o segundo turno c/ Pochmann, se Donizete ou Serafim, e só depois disso declarar seu apoio. A verdade é q esses 2 candidatos são mto iguais, e é aí q Pochmann entra: ele é quem vai fazer a diferença.

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  8. É dificil conversar com petistas.

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