28.8.12

Esquerda para boi dormir

A competente Rose Guglielminetti tratou em seu blog (leia aqui) de um suposto acirramento da tensão entre o PT e o PSB em torno da questão do uso da imagem da Dilma. Segundo a blogueria, poderia ser um indicativo da antecipação do clima que deverá se instaurar na eleição presidencial de 2014. E ela deva ter razão.

Entretanto, em seu comentário, a Rose nos conta também que "alguns militantes de esquerda ligados a Jonas" criticam a postura do PT em relação a seus aliados. 

Mas aí eu fico me perguntando: "militantes de esquerda ligados ao Jonas"? Quem serão eles? Onde estarão escondidos? 

É bom lembrar que o Jonas tem seus quatro costados de direita. 

Durante muitos anos o Jonas foi do PSDB de Campinas e só saiu da legenda porque a fila de candidatos a prefeito no PSDB era grande e ele estava na rabeira. Além disso, depois dos sucessivos fracassos do Carlão Sampaio, a rejeição ao PSDB na cidade cresceu muito, de tal forma que o insistente deputado Jonas foi trocando de carapuça e hoje, apesar do vice tucanaço, se apresenta como homem de um partido que carrega o socialismo no nome e que faz parte da base do governo Dilma no congresso.
Só que até as andorinhas das calçadas campineiras sabem bem que o PSB da cidade pode ser tudo, menos de esquerda. Há muitos anos se reduziu a uma legenda ônibus, que serve de meio de condução para políticos que, por qualquer razão, estão sem espaço para trafegar em seus partidos de origem.

Mas então, se os "militantes de esquerda" não estão no PSB, onde mais estariam? Alguém certamente haverá de me lembrar que devem estar no PCdoB. Será? 

Eu até que respeito o PCdoB, restam ainda algumas lideranças nacionais importantes e, em Campinas, tenho vários amigos no partido. Porém, sejamos francos, é possível chamá-los de esquerda? Faz algum sentido dizer que é de esquerda um partido que se alia a uma coligação inventada pelo Sr. Alckmin? Pensemos com serenidade. O governador de São Paulo, chegado na Opus Day, arauto das privatizações, negação in corpore da política e autor da tragédia de Pinheirinho não estaria muito mais bem caracterizado como um homem da ultra-direita? Suspeito que se vivesse nos EUA, muito provavelmente estamparia seu carisma de chuchu nas fileiras infames do Tea Party ou até na odiosa Ku-Klux-Klan. 

Como aceitar então a ideia estapafúrdia de que há vida inteligente à esquerda de Alckmin? Na melhor das hipóteses, seus pares são profissionais da política que se movem de acordo com seus cálculos particulares e suas estratégias de micropoder. O resto é conversa para boi dormir.

E alguém ainda há de dizer: e o PPS?

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