23.3.11

promiscuidade 24 quilates

Finalmente consegui assistir ao documentário Inside Job, de Charles Ferguson.

Excelente!

Todos que têm algum interesse em compreender as forças que movem a sociedade e a economia contemporânea devem assistí-lo.

Reunindo um conjunto de entrevistas com personagens-chave da chamada crise do subprime que se alastrou a partir do setor bancário dos EUA em 2008, o arguto Ferguson conseguiu depoimentos inacreditáveis, nos quais renomados economistas se portam como sacos de batatas, gaguejam e perdem a compostura ante um repórter que apenas os coloca diante de sua própria criatura.

É muito didática a explicitação dos canais de promiscuidade que soldaram com absoluta eficácia os interesses financeiros e as instituições reguladoras (incluso governos). E àqueles que vivem a apontar o dedo para a corrupção política, certamente será ainda mais relevante conhecer a monstruosa corrupção branca que está na base da arquitetura financeira que dá fôlego aos bussines de hoje.

Abundam calhordas e sujeitos inescrupulosos que recebem gorjetas de centenas de milhões de dólares; mas o filme tem o mérito de deixar claro que não se trata apenas de uma questão moral ou de um desvio de conduta localizado no tempo. Fica evidente que se trata de um problema estrutural do capitalismo atual: sem uma regulamentação que restrinja fortemente a livre movimentação de capitais, não parece possível imaginar que a sociedade pare em pé.

PS: 
(1) entre outras coisas, o filme demonstra também o embuste que é o governo Obama, completamente entregue aos mesmos personagens que desde os anos oitenta se encarregam de alimentar a banca. 
(2) Louve-se os movimentos iniciais do governo Dilma que, pela primeira vez desde a redemocratização, montou uma diretoria do Banco Central constituída 100% de servidores da instituição. É o mínimo que se espera para a equipe de um órgão que, entre outras, tem a missão de vigiar o sistema financeiro.

A imagem acima é do fotografo Chema Madoz 

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