27.8.08

classe média das quantas?

Meus Caros

Segue o link de entrevista concedida pelo amigo e professor Waldir Quadros à revista IHU On-Line, edição 270, sob o título: "Uma nova classe média brasileira?.

A revista em seu conjunto pode ser conferida nos seguintes links:

Versão em pdf (completa)
http://www.unisinos.br/ihuonline/uploads/edicoes/1219691418.032pdf.pdf

Site da Revista IHU On-Line
www.unisinos.br/ihuonline

25.8.08

montevideo



Em suma, deliciosa a cidade de Montevideo. Rincão esquecido, de povo muito amável, acolhedor e de rica cultura.
Como na própria história de formação do Uruguai, me parece que o espírito uruguaio se localiza em algum ponto entre a cordialidade brasileira e a altivez argentina, herdando talvez os melhores traços de cada cultura. Outra deliciosa marca de Montevideo é o ritmo de vida mais cadenciado. Não notei grandes aglomerados, grandes entroncamentos, buzinas ou cidadãos estressados pelas ruas.
Aliás, curiosamente, não é fácil encontrar relógios em lugares públicos no Uruguai. No saguão dos hotéis não se sabe que horas são em Paris, NY, ou sequer em Montevideo.

Também não existem totens luminosos informando as horas entre mensagens dos bancos, nem nas praças ou restaurantes. O Comércio não tem hora para começar suas atividades (entre 9 e 10 a depender de cada comerciante) nem hora para encerrar. Bares e restaurantes vão até madrugada, mas podem fechar mais cedo, a depender do dia, do clima.
Cultos, informados e sem maiores dilemas a resolver, é possível encontrar dois uruguaios jogando xadrez à noite na calçada gelada da Av. 18 de Julho (Av. São João deles) ou tomando el mate dentro da cabine da caminhoneta enquanto o sol se põe.

Nos muros, outro traço curioso: diferente daqui, onde virou mania pichar sem dizer nada, lá quem picha conta com leitores bem formados (veja a foto acima) e usa muito dos muros para manifestações políticas.
Se estiver por lá em algum domingo, visite a feira que parte de frente ao prédio central da universidade pública (na 18 de Julho), onde se vê e se vende de tudo: de velharias impensáveis como garrafas de cerveja vazias, a tarântulas de aquário, sofás e pimentões variados. Aproveite e pare em alguma esquina para comer o tal "chivito" que lá - diferentemente da Argentina, onde significa cabrito - corresponde a um belo sanduiche, recheado de um tanto de boas cositas.
E não se esqueça, para acompanhar, uma Patricia de litro.

19.8.08

uruguaianas II

Falemos um pouco de politica. Aqui tembèm quem està no poder è uma coalizao de centro-esquerda, comandada pelo presidente Tabarè Vasquez que, ao que tudo indica, està muito bem avaliado. O Uruguai, que tem na exportacao de carne a principal fonte de riqueza e no turismo a segunda, vive um bom momento econômico, com o PIB crescendo a 7% a.a., desde 2005. E vejam que loucura, por conta das vacas gordas (lieteralmente) hà um movimento polìtico, que reùne TODOS os partidos do paìs, que pede a reconducao de Tabarè atè 2015. Pode um negòcio desses? Jà imaginaram isso no Brasil? Tucanos, demos, petistas e outros mais reunidos todos na mesma barca?
Realmente este è um paìs peculiar!

18.8.08

uruguaianas

País curioso este Uruguai. Foi abandonado pela história e nos dá a impressao de que a vida aqui roda na banguela, sem grande ímpeto produtivista, numa fleuma de curva de rio.
Na enorme Rambla (avenida costeira) que margeia Montevideo, pais e filhos passam o domingo pescando no vento frio, sem que de fato haja peixe. Mas isso nao parece importar muito.
Come-se muito bem, bebe-se melhor ainda, em restaurantes simpáticos e saudosos da "belle epòque", que tornou estas terras uma civilizaçao à moda europeia ja nas primeiras décadas do século XX. A fama de que sao um povo simpatico, amável, se confirma a cada prosa. Só nao a merecem os motoristas de taxi, que por alguma razao estrutural - creio que o vidro blindado que separa o taxista dos passageiros é que azeda o ambiente - sao estupidos e mal humorados.
Em compensaçao, a cerveja tem o sugestivo nome de Patricia, as carnes sao excelentes e as livrarias abundantes.

14.8.08

cursos interessantes

Meus caros, na falta de assunto, seguem algumas dicas interessantes de cursos:

Para aqueles que se interessam pelos temas da administração pública municipal, repasso os endereços de cursos gratuitos disponibilizados via internet por um centro de pesquisa da Espanha:

Gestión y Promoción del Desarrollo Local, (en colaboración con la Fundación Sevilla NODO) dirigido a personal político y técnico involucrado en el desarrollo local. El plazo de inscripción finaliza el 21 de septiembre.

Introducción a la Gestión económica y presupuestaria de Municipios, (en colaboración con el Instituto Nacional de Administración Pública (INAP). Dirigido a responsables de la gestión económica y presupuestaria en los municipios. El plazo de inscripción finaliza el 21 de septiembre.

Políticas Activas de Empleo, (en colaboración con la Agencia para el Empleo del Ayuntamiento de Madrid). Dirigido a personal político y técnico involucrado en la capacitación, mediación e inserción en el ámbito laboral. El plazo de inscripción finaliza el 21 de septiembre.

Todos los cursos tienen un programa de becas asociado que cubre el costo del mismo y en la mayoría de los casos también la matrícula de inscripción. El período de inscripción está abierto y se puede solicitar plaza y beca para los cursos registrándose a través de la página Web de la Fundación CEDDET, www.ceddet.org o pulsando sobre Cursos abiertos a matrícula Una vez dado de alta, solo es necesario completar un CV, la motivación para postularse y los datos de un superior de la institución que avale la solicitud (preferentemente alguien con responsabilidad sobre capacitación). Los solicitantes de beca pueden ser tanto funcionarios como personal contratado, siempre que estén avalados por la institución.

El objetivo de CEDDET es promover el desarrollo económico social e institucional mediante programas de capacitación permanente y la creación de redes internacionales de expertos, basados en las nuevas tecnologías. Los cursos que ofrece en convocatoria abierta están dirigidos a gestores y técnicos de organizaciones públicas o sin fines de lucro en Latinoamérica. Estos cursos han sido diseñados con un enfoque muy práctico y son impartidos por expertos avalados por Instituciones Españolas referentes en el ámbito de los gobiernos locales. Se realizan íntegramente por Internet de forma asíncrona, con el propósito de minimizar los tiempos necesarios de conexión.

A la espera de que esta información pueda ser de interés para Vd. u otros profesionales de su organización y de poder contar con su apoyo en la difusión de la misma, quedamos a su disposición para cualquier consulta.

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Para moradores de Campinas:

Curso de História do Cinema

Realização: Bell Machado

Através da análise dos filmes exibidos durante os encontros, o curso se propõe a pensar a constituição do cinema como linguagem.

Tópicos:

• O nascimento e os primórdios do cinema

• Contexto histórico: a influência sócio-política-econômica

• Os processos de formação e transformação das narrativas cinematográficas

• Estrutura fílmica: roteiro, direção, produção

• As principais escolas de vanguarda

• Principais vertentes contemporâneas latinoamericanas, asiáticas e européias.

ABERTO A TODOS OS INTERESSADOS
Todas as 3ªs feiras, das 19:00 às 22:00h.
De 19 de Agosto a 16 de Dezembro
Mensalidade: R$ 100,00
LOCAL: MIS-Museu da Imagem e do Som de Campinas
Palácio dos Azulejos
R Regente Feijó nº 859 Centro - Campinas
INFORMAÇÕES e INSCRIÇÕES NO LOCAL ou
MIS:37338800
Ou por e-mail: multibell@gmail.com
mis@campinas.sp.gov.br

13.8.08

o petróleo é do povo e a urticária é deles


Atento ao pesado jogo de interesses que gira em torno das novas perspectivas de exploração de petróleo no país, Lula cravou um "o petróleo é do povo", resgatando o antigo "o petróleo é nosso" e ainda corrigindo a ambiguidade do slogan getulista.
Lula está corretíssimo e age como estadista. Enquanto éramos apenas um país coadjuvante entre os produtores de petróleo, o atual marco regulatório - em que a Petrobrás dividia com outras petrolíferas a tarefa de exploração - parecia razoavelmente adequado, pois a prioridade era garantir o máximo suprimento interno. Contudo, com as novas descobertas, este cenário virou do avesso e hoje é mais do que justificável uma revisão completa das regras do jogo. Com a perspectiva de nos tornarmos exportadores, a questão primordial deixa de ser o suprimento interno (que fica equacionado por várias décadas) e passa a ser a da distribuição das rendas do petróleo. A quem deve se destinar os benefícios financeiros decorrentes deste nosso tesouro tão bem guardado?
À Petrobrás, por direito e pelo mérito de ter investido recursos e tecnologia para tal descoberta? Às futuras empresas que vierem a disputar o direito de exploração das novas jazidas? Aos moradores dos municípios que abrigam as empresas? Ao conjunto de brasileiros - a União - que, em tese, compartilham a titularidade das riquezas nacionais? Me parece óbvio que independente da modelagem empresarial e tecnológica que se estabeleça para retirar o petróleo do fundo do mar, os benefícios devem ser destinados ao conjunto dos brasileiros. E, embora a Petrobrás seja controlada pelo governo, seus interesses e estratégias não correspondem necessariamente aos interesses da União e, portanto, é muito positiva a proposta do governo de criar uma nova empresa para gerenciar os contratos de exploração e decidir quanto ao destino dos saldos financeiros.

Evidentemente, a falação sobre a criação da tal estatal ou sobre a necessidade de mudanças no marco regulatório não agradou em nada os midia-ligeira e não faltaram comentários malhando a manifestação do Lula. Na CBN, "a rádio que toca notícia" e dá palpite adoidado, o sempre a postos Sardemberg fez das suas: lamentou o slogan do Lula, já que se "o petróleo é do povo", quem seria o povo? E, para ilustrar, trouxe uma série de exemplos de países onde a exploração de petróleo, embora sob controle estatal, beneficia apenas a alguns privilegiados (citou como exemplos o Irã e a Venezuela).
Mas, pera lá, renitente Sardemberg! Estes exemplos são justamente os casos em que o petróleo não resultava em melhorias para o "povo" e sim a grupos de privilegiados. Fosse um pouco mais aplicado em seu ofício, Sardemberg deveria saber que o modelo que inspira a proposta de Lula é o da Noruega, onde uma empresa pública, que se resume a um conselho de 60 representantes da sociedade, arbitra as questões relativas à distribuição da renda proveniente do petróleo.

9.8.08

de abóboras e jaboticabas



Diz o provérbio que "é com o andar da carroça que as abóboras se ajeitam". Pois, decorridos quase 50% do campeonato brasileiro, já é possível distinguir entre as abóboras acomodadas, uma algumas candidatas a melancia e, quiçá, uma ou outra jaboticaba.
Tudo indica que o título ficará entre os três que hoje estão na ponta: Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras. Deixando de lado meu viés palestrino, creio que o Palmeiras é o que tem maiores chances, não só por conta do elenco, mas pela experiência do metido Luxemburgo. O sujeito é intragável, mas convenhamos, sabe encontrar o lugar das "abóboras" e tem faro para novos talentos. Acho, por exemplo, que o Evandro, recém contratado junto ao Galo, será um nome de destaque no campeonato e pela técnica e toque de bola tem tudo para se tornar craque. Sandro Silva, que também acaba de chegar no Palestra a pedido do Luxa, é outro candidato a jaboticaba: volante habilidoso, que sabe defender mas é capaz de chegar de surpresa ao ataque e fazer gols. Na última quinta, diante do Vitória, fez um gol de rara beleza: roubou a bola no meio de campo, transpassou como um dardo a defesa do Vitória e, de frente para o gol e em velocidade, tocou por baixo das pernas do goleiro.
Que venha a outra metade do campeonato!

5.8.08

dica de taxi em brasília



Diferente em tudo, nossa capital federal é servida por taxistas que também destoam daqueles que circulam pelas outras grandes cidades brasileiras. A começar pelo posicionamento político. Em geral, os de Brasília me parecem menos reacionários - principalmente se comparados aos de São Paulo - e, creio eu, menos acomodados. Talvez pela falta de esquina, falta de semáforo ou sabe-se lá do que, no DF taxista não tem cara de "chofer de praça"; lá os caras têm o bicho-carpinteiro.
Quase todos vieram de longe, fizeram de tudo, falaram com todos e estão com planos de fazer isto ou aquilo mais.
Pois em minha última visita à infinita burocracia da esplanada, tive a sorte de ser taxiado por uma destas figuras.
Até a primeira parada, o sujeito - já de idade avançada - seguiu mudo.
Porém, ao estacionar em frente ao prédio do CNPq, me disse que ficaria aguardando para seguir até o próximo escaninho.
- pois bem, volto em vinte minutos. Informei.
Voltei em 15, ao que o taxista respondeu:
- 20 minutos de paulista!
Era a deixa. Perguntei de onde vinha e ele soltou uma conversaiada que seguiu pelo dia. Entre um protocolo e outro, toque o taxista - agora Seu Agábio - a nos guiar por aqueles avenidões. Bela figura!
Seu Agábio, falava com um sotaque cearense da porra, mas era boliviano o cabra (?).
Vinte irmãos. Todos homens. Todos vivos. 10 cearenses, 10 bolivianos.
- minha mãe tá vivinha, com 96. Nunca foi no médico, nem sabe de injeção.
E mora onde?
- num povoado próximo a Xapurí.
- Xapurí no Acre? do Chico Mendes?
- Conheci bem o Chico mendes. Disse o taxista - Tocava com ele.
- E o senhor tocava o que?
- Toco! Acordeon. Cabei de voltar da itália. Fui lá comprar um novo, amarelo e branco, 32 mil reais, para mim que tenho carteira de músico. Fosse outro, pagava 72.
- Mas então o senhor continua tocando.
- Toco todo dia, sem falhar. Gravei ano passado um disco lá na cidade de vocês. É meu quinto disco.
E na toada do Seu Agábio do Acordeon, líder do grupo de forró pé de serra, Banda Fortaleza, chegamos à área de desembarque.
Por força de nossos ofícios, a prosa interrompeu-se.
Mas, voltando à Brasília, ligo ao Seu Agábio (9997-8670) para continuar o convercê, do ponto em que paramos: o sumiço dos tocadores de "oito baixo". Acordeonzinho pequeno e difícil, que troca a nota da ida para a volta do fole e que ninguém mais se arvora a apreender.

4.8.08

nuvens cinzas

Nesta semana o STF deve julgar o pedido de prisão de Daniel Dantas. Caberá a cinco Ministros decidir o futuro do prodigioso e influente operador das altas finanças escusas deste país. A favor do homem estão Gilmar Mendes (que concedeu liminar dias atrás) e muito provavelmente a Drª Ellen Gracie que, em processo anterior, garantiu sigilo aos dados do HD do computador de Dantas. Contra Dantas, é de se esperar que votarão Joaquim Barbosa e Eros Grau, Ministros mais à esquerda que na semana passada fizeram questão de sumir do STF na seção em que seus pares realizavam ato de desagravo a Gilmar Mendes. Até aqui, 2 x 2. E o voto de minerva caberá a Celso Mello, justamente aquele que liderou o ato de desagravo no dia de reabertura dos trabalhos, manifestando solidariedade ao Ministro Gilmar Mendes que, no recesso do STF, "zelou com sobriedade" pela manutenção da justiça em nosso país.
Coisinha feia! Lamentável Sr. Ministro Celso de Mello. Enquanto um mundo de gente coleta assinaturas solicitando a cassação de Gilmar Mendes, o senhor me sai com um ato de desagravo? Torço para que seja estratégia diversionista, a fim de confundir os incautos. Até quarta-feira saberemos.

1.8.08

pa bo me pala bas

Reproduzo abaixo texto didático que circulou na internet nestes dias.
Assunto: crise imobiliária dos EUA

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Já não precisamos ser "emebiêi" para entender a crise.

Entendendo a complexidade da crise subprime americana:


É assim: o seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constitui, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a que se façam operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

Esses derivativos estão sendo negociadas como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia "sifu".

MUNIR NAGIB HANNA ALZUGUIR