30.7.10

pé na bunda do teixeira

Desde que mergulhei na Copa, tenho encontrado dificuldades para emergir e retomar os posts. Suspeito que um dos motivos da hibernação é o clima político demasiado esgarçado dessa estranha temporada eleitoral.

Explico-me: os midialigeira, que outrora eu grafava com hífen e que serviram de combustível para fazer nascer este blog, andam tão safados, tão desesperadamente raivosos com a provável vitória de Dilma e suas implicações políticas e econômicas, que não dá nem para se envolver com o assunto. Por que intoxicar o que resta de fígado numa causa - ideológica - já ganha?
O melhor é manter uma distância regulamentar do nheco-nheco eleitoral e resguardar o fígado para assuntos mais instigantes. Por exemplo, o movimento Tira Teixeira.

Estou nessa! (vejam o link na barra lateral com o twitter do movimento)

De fato, é difícil aceitar que o sujeito permaneça tantos anos sentado na cúspide do futebol brasileiro, tal qual um sapo glutão, sugando de canudinho e digerindo com infinita paciência a alma e o toque de bola dos craques que por aqui gorjeiam. Vá de retro!

Tá mais do que na hora de acabar com essa estrutura oligarca de nosso futebol. A despeito de ser um assunto da órbita privada, é também uma coisa pública, compartilhada por quase todos e que, como poucas coisas dessa vida, toca fundo nas paixões de cada um.

Não é possível que o cara vá à sua TV amiga e declare em primeira pessoa que está pensando em um técnico assim ou assado! Como assim, "eu estou pensando"? É DO NOSSO FUTEBOL QUE SE TRATA!

Portanto, Tira Teixeira! Mas, com uma ressalva: Pé na Bunda do Teixeira!
O sujeito não merece esse respeito todo.

6.7.10

cabeça de bagre "e" rabo de dourado

A copa ainda não chegou a seu desfecho, mas suas marcas - ou seria melhor dizer cicatrizes? - já estão bem visíveis.

Por exemplo, a primeira fase foi assustadoramente inferior em termos de competitividade, de técnica e de emoção às fases de mata-mata. Será que não caberia um outro formato?
Outra marca é o esvaziamento dos meias e a emergência dos segundos-volantes. E não é por menos. Depois de anos de futebol força, esquemas táticos rígidos, pragmatismo e futebol de resultados, aflora no concreto armado dos gramados o jogador que é capaz de combinar disciplina tática, preparo físico, técnica e capacidade de criação. Como disse algum comentarista nessa copa, foi-se o tempo dos camisas 10 que faziam brilhar o futebol. Não há mais espaço para gente como Maradona, Zico, Platini ou Zidane. Restam bons e rápidos atacantes, que precisam ser servidos por super-volantes capazes de extrapolarem suas funções táticas. Sem bola, os super-volantes defendem, desarmam. Com bola, armam os contra-ataques, acionam as laterais do campo, infiltram bolas entre as matilhas adversárias e, não raro, fazem gols.

Não por acaso, esta copa de 2010 tem no topo do pódio o volante alemão Schweinsteiger.

Por outro lado, seleções como a do Brasil ou da Argentina falharam, em grande medida, pela ausência de bons segundos-volantes. Tivesse Veron jogado pela Argentina ou um volante mais técnico, como o Ramires, no Brasil contra a Holanda, creio que a parada não teria sido vencida pelas equipes européias.

Resta agora torcer pelos Uruguaios que, é verdade, também carecem de um jogador com aquelas características e enfrentam dificuldades para conduzir a bola da defesa para o ataque.