20.1.09

trilha sonora de minha geração

Depois de longo recesso, volto ao blog animado pela música. Sempre a música...
Cada vez mais me convenço que, noves fora, só a música vale a pena.
O caso é que assisti o filme-documentário "Titãs - a vida até parece uma festa". Para quem viveu a juventude paulistana da década de oitenta, é uma ótima oportunidade para botar em dia as emoções rockeiras empoeiradas.
Mais do que qualquer outra banda, a batida dos Titãs marcou a cadência de minha adolescência à vida adulta.
Sonífera Ilha no rádio do carro, dirigindo clandestino, dava carona às amigas de minha irmã, cevando os primeiros capítulos de meu futuro casório.
Mais tarde, nas noites de Radar Tantã, rabo de galo amplificando a batida tribal de Cabeça Dinossauro, os brados de 'Polícia para quem precisa de polícia', de "Lugar Nenhum" (nenhuma pátria me pariu) - era quase tudo que um adolescente precisava para passar os dias.
Aos vinte, já torpedeado pelos anos Collor, as frustrações universitárias, a vida desregrada, as primeiras gastrites, nada como "saia de mim, pelo suor, tudo que sei de cor" ou "O pulso ainda pulsa,... o corpo ainda é pouco".
FHC, pau no Estado, neoliberalismo, era hora de chutar o balde, grunhir em vez de falar. "Titanomachina" foi o som possível.
Mas o mundo não caiu. Veio o primeiro filho, o primeiro emprego de gente, o IPTU, o cartório,...era hora de "Domingo", de "Saber Viver", de "Epitáfio", "Isso", arremedo burguês de uma geração que não foi, que chamaram de "geração X", mas que poderia ser Titã.

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