15.3.11

terremoto econômico racional

Enquanto japoneses se dedicam à terrível tarefa de contar os mortos e dimensionar a catástrofe, economistas em terra firme já começam a 'precificar' os impactos da tragédia sobre o futuro. De olho no balancete, ativo contra passivo, já tem gente imaginando a prosperidade que virá, decorrência lógica do esforço de reconstrução que obrigatoriamente acontecerá assim que as chacoalhadas diárias amainarem.

De fato, considerando que o Japão possui reservas mais do que suficientes para cobrir os prejuízos e que, ademais, tem condições de se endividar a custos bastante baixos, é de se esperar que, passado um período de susto e queda da produção, as taxas de investimentos deverão saltar a níveis elevados, com importantes impactos sobre a produtividade e o nível de atividade no país. Como nas tragédias de Eurípedes, depois de 20 anos de estagnação, sobre a tumba de milhares de compatriotas, os Japoneses deverão retomar a proeminência econômica que tiveram em épocas passadas.

Mas, esse roteiro de tombo seguido de retomada não só é manjado, como tem sido responsável por boas, embora amargas, lições de macroeconomia - esta mesma, aliás, é filha direta do cataclisma econômico que atingiu o centro da economia mundial nos anos 30 do século XX.

A questão crucial, entretanto, é saber por que os governantes e seus assessores econômicos não se antecipam aos desastres e lançam mão dos instrumentos de política econômica de que dispõem para mover os paquidermes cansados nos quais costumam se transformar as economias ditas maduras?

Como entender que patotas como as de Obama, Summers, Zapattero, Geithner, Strauss Kann, Trichet, etc. não se habilitam a mexer os pauzinho e mover os capitais empossados rumo aos investimentos produtivos?

Em nome da metafísica dos mercados equilibrados, do benfazejo sopro da livre escolha que antes deprime do que bem aloca os recursos na produção, - gerando renda e trabalho - esses senhores de renome se omitem covardemente de suas atribuições de 'condottieri', preferindo o gradualismo do cotidiano chinfrim e, quem sabe, uma tragédia redentora como a que atinge agora o Japão.

Haja ideologia!

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