9.6.09

gilmar, o torto


Não acredito que Lula queira alterar a constituição para concorrer a um 3º mandato. Quando conversa com seus botões, suspeito que Lula se compraz por ter frustrado todos aqueles que apostavam que, no poder, o metalúrgico arruaceiro iria cometer insanidades de toda espécie, a ponto de não durar muito como presidente da nação.

Ironicamente, à história quedará o registro do ilustrado FHC usurpando a constituição e comprando a preço de ouro sua reeleição vaidosa. Já o presidente retirante, de português mal falado, vem cumprindo à risca o itinerário republicano desta pátria tantas vezes violada, sempre governada pela elite douta.

Pois desconfio que é esta uma das maiores glórias que nosso presidente pensa em levar para a tumba. Por toda uma vida estimagtizado como "o que vem de baixo", Lula preza como poucos a sua imagem de líder magnânimo. Não sujou na entrada, não sujará na saída.

Contudo, apesar do bom-mocismo de Lula (de meu ponto de vista, excessivo), a oposição insiste em denunciar a ameaça golpista que estaria sendo articulada nos bastidores governistas. Vira e mexe, tucanos e demos histéricos vão à imprensa esbravejar contra um suposto espectro bolivariano a rondar o Palácio do Planalto.

Vai o Arthur, vem o Tasso; entra o Rodrigo Maia, sai o José Anibal, o Agripino,... todos se rodiziando numa vigília sem a qual não têm mais discurso para se manterem em evidência. Papelzinho triste! Vexatório mesmo. Mas, compreensível, para quem não tem muito mais a dizer e depende de votos para viver.

Porém, pior dos pecados, comete o Dr. Gilmar Mendes, presidente do STF.
Para além das habituais fanfarronices, o Torto resolveu agora palpitar sobre a impropriedade do 3º mandato, assunto sobre o qual deveria calar e calar.

Primeiro, porque foi no papel de Advogado Geral da União durante o governo de FHC que Gilmar Mendes contribuiu ativamente pela emenda que deu ao Príncipe mais quatro anos.

Segundo, porque, como ministro do supremo, não deveria opinar publicamente sobre qualquer assunto que venha a ser objeto de julgamento da corte - quando afirma que o terceiro mandato é inconstitucional, erra por antecipar um juízo que deveria resultar da consulta a seus pares.

Terceiro, porque para justificar sua posição de magistrado diz, sem rubor, que o risco do 3º mandato é o de se abrir um precedente para o 4º, o 5º, o 6º, etc....

Ora, ilustre magistrado. Não consta que tenha afirmado o mesmo quando seu padrinho FHC lhe pediu auxílio para emendar a constituição e conseguir a reeleição em 1998.
Não tivesse a sua turma inventado o 2º mandato, não estaríamos agora discutindo o terceiro.

E cá entre nós, isto é argumento de Ministro do Supremo?

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