30.5.09

trucando com obina



Orra meu! Já imaginou se, na quarta passada, Obina marca um gol salvador, como fez dias atrás o Cleiton Xavier, e o Palmeiras arranca uma vitória do Nacional de Montevideo. Estaríamos todos no sal.

Claro que para o Palestra seria ótimo, um grande alívio. Mas, o preço a pagar, alto demais. Nós, a torcida do Flamengo, a sua mãe (digo, a do Obina), sabemos que daqueles pés não se pode esperar muito. Das canelas, quiçá, um ou outro petardo extemporâneo, mas no conjunto.... não há futebol possível.

Só que se o cara marca, mio dio! Wanderlei Luxemburgo, seus netos, o IWL - Instituto Wanderley Luxemburgo -, o alfaiate do WL, todos iriam galgar com tal velocidade para os píncaros da glória, para o mundo maravilhoso do Galvão, que... rapá... o futebol ia ficar insuportável. Confirmada a "genialidade" do Luxa, estaríamos condenados a fenecer no gerundismo, nos jargões da programação neurolinguística, no remi-remi das preleções motivacionais.

Escapamos!

Mesmo que agora o alviverde tenha que rastejar pela braquiária, o sacrifício é nobre. Luxemburgo, vaidoso como ninguém, trucou e perdeu. Sua estratégia abusada de colocar o varzeano Obina aos 28 do primeiro tempo, fora de forma, desentrosado e grosso como dantes, foi uma aposta alta e irresponsável. Rifou o futuro do Palmeiras na Libertadores, por exclusivos interesses pessoais. Merece o sal.

O Professor Belluzzo, tantas vezes elogiado neste blog, deveria tomar providências para evitar que o Palmeiras fique a serviço dos interesses mesquinhos de Wanderley Luxemburgo. Que fosse o melhor do mundo, a rua lhe seria justa.

28.5.09

um hai kai

A guitarra dorme
Na poltrona velha
A música escorre

26.5.09

seis com casca

Para um fim de dia atribulado, uma belíssima interpretação de Soledad, de Astor Piazzolla (clique aqui para ouvir), pelo grupo Seis com Casca. Pra quem não conhece, o grupo é das boas novas da música brasileira, com um primoroso repertório que vai do erudito ao popular, sempre com muito lirismo e arranjos saborosos.

24.5.09

pifando

Há tempos devo uma explicação a respeito do nome deste blog. Como fiquei sabendo que no dia de hoje um dos maiores tocadores de pífano deste país está comemorando seus 50 anos de fuzuê (clique aqui para saber dos festejos), me entreguei ao assunto e quem sabe ajudo a desencafifar alguns leitores de alma mecânica.

Primeiramente, devo confessar que não sou um entusiasta do pífano. Até gosto dum forró pé de serra, um maracatu, mas o que me fez lançar mão do nome no título foi porque esta esquálida e precária flauta nodestina é um instrumento dos mais populares, sempre tocado com irreverência, em ocasiões festivas, sempre rodando à pinga e atiçando as saias. Não conheço sobriedade que resista ao pífano.
Quis aqui que fizesse as vezes da vagueza, da falta de compromisso, da efemeridade dos palpites, da alegria caseira dos rastapés. E no mais, se preciso for, o pífano serve também pra irritar, com seu agudo sem fim, como a mosca do Raul.

Por outro lado, este espaço tem também a pretensão de ser um recanto para o debate de assuntos sisudos, para a prática de ensaios que não escondem ambição intelectual, um depositário a céu aberto das anotações que faço e que narcisamente armazeno para o mundo que suponho tocar o lado de lá. Obviamente, o escaninho é que escolhi para marcar esta faceta apolínea do blog. O escaninho é um apetrecho cartesiano por excelência. Ante-sala das universidades, é lá que dormem as linhas retas, os catatais de fim de curso, os títulos, as datas.

Pois,... ai estão. Que um dia se entendam.

23.5.09

quem era keynes?

Trocadilho infame, mas este é assunto dos mais relevantes entre os que se interessam pela história das idéias econômicas.
Keynes é uma pedreira. Seus textos econômicos não fazem concessões ao leitor e são quase inascessíveis aos que não frequentaram as aborrecidas carteiras de uma faculdade de economia. Seus textos políticos, ricos documentos históricos, são permeados pela sua práxis de combativo funcionário do governo inglês. Não fosse pouco, suas idéias viraram do avesso a ortodoxia econômica, mas de modo algum propunham o rompimento com a ordem capitalista e sua moral burguesa. Pra complicar ainda mais, embora casado com uma bela bailarina russa, era amante de um jovem artista que frequentava Londres. Por sua orientação sexual e suposto interesse no representante alemão, foi acusado pelos seus críticos de pouco patriota quando negociava as reparações de guerra que resultaram no Tratado de Versailles.

Pois, então, Keynes?

A crise atual resgatou ao século 21 o mais importante economista do século passado. Dizem por ai que suas idéias estão de volta e que será a partir delas que retomaremos o caminho para uma nova "era de ouro".

Será?

Impossível responder, mas o interessante nesta história toda é que as placas tectônicas do pensamento econômico começam a se mover. Verdades do liberalismo econômico, que arrebatavam a direita e também a esquerda - diga lá Ministro Palocci -, se esfarelam com os fatos, abrindo uma promissora avenida para o debate.

É por esta avenida que o site da Agência Carta Maior tem patrocinado bons artigos, alguns deles já mencionados anteriormente aqui.

Hoje, chamo a atenção especialmente para o texto escrito pelo José Luis Fiori, "A senhora Thatcher e o Lord Keynes: fatos e mitos", tratando não só da dificuldade para se entender Keynes, mas também do curioso protagonismo inglês não apenas no campo das idéias, mas também na práxis econômica, desde sempre até os dias atuais.
Mais do que isto, Fiori toca (de leve) em uma tese das mais interessantes: a de que o liberalismo político inglês, que está na raiz da história moderna, é o denominador comum dentre as diferentes escolas de pensamento econômico que emergiram da ilha britânica. Do neoliberalismo de Mrs Tharcher, do capitalismo domado de Lord Keynes ao anti-capitalismo do radical Marx, todos parecem ter o mesmo DNA liberal. Como diz o Prof. Belluzzo, todos devem ser vistos como parte de uma tradição que busca a transcendência política liberal a partir da estrutura econômica.

Bom apetite!

22.5.09

gente nova na "redondeza"

Vão algumas dicas de blogs interessantes que estou incorporando à "redondeza" (ali do lado direito -> )

Em primeiro lugar, vale a pena conhecer o Blog "até aqui tudo bem" (dica que reverbero do Idelber Avelar). Trata-se de um blog mantido por um casal, muito bem humorado, e afinadíssimo com o lufar dos tempos. Gosto também do nome do blog, inspirado provavelmente no filme "La Haine" (O Ódio), de 1995, que explora o tema - "até aqui tudo bem" - de maneira dramática, numa saga na periferia de Paris.

Uma outra dica, é o blog do Marcelo Brito, colega de profissão que colaborou com o programa de apoio às Cooperativas de Reciclagem aqui de Campinas e que se mudou para Erfurt, uma cidade no umbigo da Alemanha, onde estuda projetos de "orçamento participativo".

Apesar das minhas divergências sobre o assunto, é sempre interessante acompanhar o que ele anda descobrindo por lá. Por exemplo, um software que permitirá aos cidadãos votarem - via internet - nas prioridades de cada qual e, feito o computo geral, o sistema apresenta um mapa de investimentos que deverá orientar o "político" de plantão.

Legal? É, legal... Sem dúvida uma ferramenta de consulta popular ajuda na gestão. Mas, ai a gente pensa: no limite, não seria este o ocaso da Política? O império do status quo? Será que a fé na participação direta não é a contraface de um discurso moralista, de ataque à classe e ao sistema político?

Por fim, por falar em ataque, incluo também na "redondeza" o carrancudo e combativo blog do Eduardo Guimarães, que fundou o Movimento dos Sem Mídia e que assina hoje o Cidadania.Com. Pra quem não acompanha de perto a blogosfera, foi o Eduardo Guimarães, através de seu blog, que mobilizou uma manifestação em frente à Folha de São Paulo para lembrá-la de quão dura era a dita redentora.

18.5.09

o petróleo é nosso; o PSDB é deles

A falta de compromisso do tucanato com os rumos deste país começa a agitar a blogosfera. Numa manobra espúria com Sarney, o PSDB conseguiu aprovar a CPI da Petrobrás e tudo indica que com isso cruzaram o Rubicão.
Alea jacta est!

Me arrisco a dizer que daqui pra frente vai ser difícil segurar os ímpetos. Com a vara curta, os senadores tucanos anteciparam a sucessão de Lula, precipitando uma cisão política que deverá colocar, de um lado, aqueles que desejam um desenvolvimento com maior participação do Estado, maior equidade e maior soberania nacional e, de outro, aqueles que, sem discurso e sem uma proposta alternativa, caminharão com os arrivistas, os entreguistas e os aliados rentistas que assaltaram nossa redemocratização.

À luta!

E pra fazer roncar a cuíca, o blogueiro Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem Mídia (clique aqui), está convocando uma rede de manifestações contra o PSDB com duração concomitante à CPI e aos ataques à Petrobrás. Por hora, o jogo ainda está sendo armado. Mas fiquem atentos, visitem o MSM e manifestem suas opiniões.

Ao ilustre e antenado Eduardo, sugiro apenas um outro slogan para a campanha: o petróleo é nosso; o PSDB é deles (como no título deste post)


Como trilha sonora, vou de Gloria (The Doors) e seu apoteótico refrão: Too late! Ouçam aqui

17.5.09

a cruzada das tetas

À medida em que nos aproximamos da campanha eleitoral de 2010, cresce o bafo azedo da nossa elite cosmopolita. Sem um programa alternativo capaz de rivalizar com a agenda do atual governo, resta a desconstrução do que vem dando certo.

Não há outra maneira de entender as sarrafadas no lombo de três importantes conquistas do governo Lula: o Bolsa Família, os rumos da Petrobrás/pré-sal e a queda da taxa de juros (próxima do civilizado patamar de um dígito). Para desqualificar cada qual, arma-se uma frente de batalha que reúne a sabujada toda: políticos na entresafra (Arthur Virgílio, Raul Jungman, Roberto Freire, Jarbas Vasconcelos, Tasso Jereissati); mídias-ligeira bem remunerados (Sardemberg, Mirian Leitão, Merval Pereira) e extravagantes membros do poder judiciário.
Da trincheira plutocrática, jogam um jogo de interesses miúdos e consequências enormes.

Mas pretendo aqui tratar apenas dos ataques ao programa Bolsa Família. Como bem disse o ministro Patrus Ananias em matéria publicada no jornal Estado de São Paulo de ontem, a "animosidade" demonstrada por setores minoritários do país ante a informação de que o TCU identificou indícios de irregularidades no pagamento de 106 mil benefícios de um total de 11 milhões, revela a "intolerância com os pobres" e a "mentalidade escravocata" dessa gente.

Eu diria que o católico Patrus foi deveras benevolente. Além dos desvios morais, o que motiva a elite oposicionista são os interesses eleitoreiros imediatos e o descaso
com o bem estar de 45 milhões de brasileiros que dependem do Bolsa Família, cuja opinião menosprezam. O antigo progressista Jarbas Vasconcelos, por exemplo, assustou os leitores da Veja contando a história de um garçom de um boteco no Recife que desistiu do emprego para viver do Bolsa Família - a reportagem da revista Carta Capital foi atrás do garçom e não encontrou uma unica pista de sua existência no referido boteco apontado pelo senador.

Esbanjando cinismo, a cruzada contra o Bolsa Família nem se dá preocupa em rebater os já surrados e impressionantes números apresentados pelo economista Marcio Pochmann, que demonstram que se por um lado 45 milhões de brasileiros pobres recebem do governo R$ 12 bilhões ao ano, por outro, os 80 mil brasileiros mais ricos recebem algo como 120 bilhões, a título de juros pagos pelo governo.

Também se esquecem de dizer que enquanto cada uma daquelas 11 milhões de famílias pobres recebem em média míseros 85 reais por mês (ou R$ 1.000,00 por ano), os brasileiros mais abastados, das classes A e B, são beneficiados por descontos no imposto de renda de até R$ 2.592,29 por ano, para que possam manter seus filhos nos colégios que dão acesso ao maravilhoso mundo da cosmopolita elite brazuca.

E aí cabe perguntar: será que esta turma comete menos fraudes do que as identificadas pelo TCU no Programa Bolsa Família (1% do total).

Basta conversar com parentes, amigos pios e cidadãos progressistas para saber das estratégias para burlar o fisco. Portanto, será que entre nós, com renda superior a dez salários mínimos, as fraudes são de apenas 1%? Se você, como eu, tem certeza que não, então a pergunta necessária é: por que a imprensa reverberou as fraudes no bolsa família, contou a vida do garçom preguiçoso, do gato que recebia o benefício e dos 577 políticos do país que estão cadastrados como beneficiários, e nada diz a respeito dos milhões de brasileiros ricos que fajutam suas declarações de renda, produzem recibos, sub-avaliam transações patrimoniais?

Ora, se é para falar de gente pendurada nas tetas do governo, ótimo, mas que se comece pelo tamanho dos beiços dos bezerros: os de maior bocarra primeiro, os tíbios depois e os agonizantes... deixem que mamem um bocadinho.

16.5.09

o jogo de Bin Laden

Depois disso, o Word Trade Center foi mamão com açúcar!

12.5.09

são marcos, é claro


Noite de lua brilhosa na Ilha do Retiro, mas foi São Marcos que reluziu.
Que sujeito arretado para jogar a Libertadores. Segundo informa o enciclopédico PVC, foi a sétima vez que Marcão garante a vitória ao Palmeiras numa disputa de penalidades na Libertadores. (veja a relação de jogos clicando aqui).
Mas a vitória de hoje foi talvez a de maior grandeza. Além de ter feito defesas incríveis e fundamentais durante o jogo, nosso Santo catou três penaltis em quatro cobrados!
Não teve bola pro mato, não teve trave, nem passo pra frente. O cara efetivamente catou os três.

Não sei não, mas creio que nunca antes nos gramados deste país um goleiro tenha realizado tal façanha. (Será?)


Que venham agora los hermanos uruguajos do Nacional de Montevideo.

8.5.09

questões fundamentais - em bom economês

Como já disse em outro blog, nada como uma crise para dinamizar as idéias e fomentar o debate.
André Lara Resende, aparentemente assustado com o fim da hegemonia financeira, andou escrevendo sobre os riscos do mundo regulado (sem livre mobilidade de capitais), onde rentistas passariam o bastão a governos na condução dos rumos da economia.
Sensatamente, o economista Celso Locatelli responde com inteligência ao badalado Lara Resende: Qual é o pecado de, por exemplo, não querer dinheiro externo de curto prazo? Não é um contrassenso pagar altos juros para recursos especulativos? Ademais, sempre se perdoa o excessivo conservadorismo do Banco Central, mas combater ferrenhamente a inflação não ajuda mais quem tem dinheiro e prejudica mais quem depende da economia aquecida para conseguir emprego?

Veja aqui o artigo completo publicado no jornal Valor Econômico de hoje.

2.5.09

Chet Baker - sem dentes

Um belo vídeo de Chet Baker, sem dentes (pois perdeu a maioria deles numa surra por divida de drogas), quando supostamente não poderia continuar tocando trompete.
Tirem a prova.